Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Amar a Cristo...

Senhor saber-Te e ter-Te dentro de nós é uma alegria que deveremos, enquanto Teus filhos, ter sempre presente. Imaginemos então, a enorme alegria e gratidão da Virgem Maria, que foi o primeiro Sacrário ao ter-Te no seu imaculado ventre.


JPR

“A dor de corrigir”

Esconde-se uma grande comodidade – e às vezes uma grande falta de responsabilidade – naqueles que, constituídos em autoridade, fogem da dor de corrigir, com a desculpa de evitar o sofrimento alheio. Talvez poupem desgostos nesta vida..., mas põem em jogo a felicidade eterna – a deles e a dos outros – pelas suas omissões que são verdadeiros pecados. (Forja, 577)

O santo, para a vida de muitos, é "incómodo". Mas isto não significa que tenha de ser insuportável.

O seu zelo nunca deve ser amargo; a sua correcção nunca deve ferir; o seu exemplo nunca deve ser uma bofetada moral, arrogante, na cara do próximo. (Forja, 578)

Portanto, quando nos apercebemos de que na nossa vida ou na dos outros alguma coisa corre mal, alguma coisa precisa do auxílio espiritual e humano, que nós, filhos de Deus, podemos e devemos prestar, uma clara manifestação de prudência consistirá em dar-lhe remédio oportuno, a fundo, com caridade e com fortaleza, com sinceridade. Não valem as inibições. É errado pensar que com omissões ou adiamentos se resolvem os problemas.

Sempre que a situação o requeira, a prudência exige que se aplique o remédio totalmente e sem paliativos, depois de pôr a chaga a descoberto. Ao notar os menores sintomas do mal, sede simples, verazes, quer sejais vós a curar os outros, quer sejais vós a receber essa assistência. Nesses casos, deve-se permitir à pessoa que está em condições de curar em nome de Deus que aperte de longe a zona infectada e depois de mais perto, até sair todo o pus, de modo que o foco da infecção acabe por ficar bem limpo. Em primeiro lugar, temos que proceder assim connosco mesmos e com quem, por motivos de justiça ou caridade, temos obrigação de ajudar. Rezo nesse sentido especialmente pelos pais e por quem se dedica a tarefas de formação e de ensino. (Amigos de Deus, 157)

São Josemaría Escrivá

'Serviço à sociedade' por São Josemaría Escrivá (legendado em português)

Pagar dívidas?

Em tempos de dificuldades surgem as discussões mais esdrúxulas e os argumentos mais espantosos: o País anda assolado pela dúvida de pagar as dívidas. Se os débitos antigos são a razão da crise, porquê honrar tais compromissos?

A argumentação usa justificações políticas, económicas, financeiras ou comunitárias, mas em geral omite o essencial. Invoca-se a estabilidade do euro e a crise internacional, a credibilidade soberana e o acesso a futuros créditos, mas quase ninguém afirma o motivo óbvio: pagar as dívidas é a única atitude honesta e decente. Parece que no aperto, a conveniência anula as razões éticas, logo no momento em que são mais necessárias, precisamente por haver gente a sofrer.

Isto não significa que essas análises esqueçam os valores. Aliás, grande parte da discussão apresenta-se como moral, mas noutro nível. Se, como dizem os cartazes, "A troika manda roubar ao povo para dar aos banqueiros", então a própria justiça exige que não se paguem as dívidas. Fala-se, não do nosso dever em cumprir os contratos e honrar responsabilidades, mas do alheio. Refere-se não o calote, mas os abusos que alegadamente o justificam.

É verdade que os melhores filósofos afirmaram que em caso de necessidade todos os bens são comuns, porque o direito à vida e dignidade se sobrepõe à propriedade privada. Também a ciência económica diz que a ameaça de depressão recomenda a ambas as partes o alívio dos débitos. Mas essas são situações-limite, longe de um produto per capita de 20 mil dólares e recessão a 2%.

Será que no primeiro quartel do século XXI é preciso explicar que o dinheiro que os banqueiros emprestam não é deles mas nosso? Será que não sabem que é o povo depositante a ser roubado se o povo devedor não honrar os compromissos? Há 200 anos, quando nasceram as ideologias que alguns hoje revivem, já era forçado o simplismo do embate entre uma classe de ricos parasitas à custa dos proletários escravizados. Hoje, na globalização e capitalismo popular, o mito perdeu toda a plausibilidade. Não existe conflito entre banqueiros e povo. Aliás, as instituições financeiras estão mais zangadas com a troika do que os funcionários públicos.

Outra variante coloca a questão entre a Alemanha rica e os pobres gregos e lusitanos. Os quais andam há décadas a comer dos fundos estruturais que os ricos da Comunidade enviam e encheram os bancos deles com a sua dívida pública e privada. Agora, quando os tais ricos exigem alguma austeridade como condição para mais uns milhares de milhões de novos empréstimos, acusam-se os alemães de falta de solidariedade europeia. Falta de solidariedade!?

A lógica que suporta as queixas é uma velha falácia. A sociedade é injusta e eu sinto-me enganado; por isso é legítimo faltar aos compromissos e abusar, o que só por si torna a sociedade um pouco mais injusta. Como me considero tratado com pouca dignidade, tomo um comportamento indigno, que confirma o suposto tratamento inicial. Foi esta espiral de infâmia e desespero que dominou a Europa há cem anos, conduzindo ao extremismo político e a duas guerras mundiais.

Em países civilizados, membros de inúmeros fóruns internacionais e signatários de múltiplos tratados e proclamações, era de esperar que estes temas básicos fossem pacíficos e estabelecidos. Mas estes debates mostram uma das verdade mais essenciais: a humanidade nunca pode dar como adquirido qualquer valor, por mais básico que seja. Cada geração tem sempre de reaprender todas as atitudes elementares, como em cada novo dia, cada um de nós tem de se comprometer de novo com uma vida digna e nobre.

A civilização é um bem sublime e frágil. Foi após as eminentes conquistas do espírito alemão iluminista e romântico que os nazis cometeram atrocidades que os seus pais e filhos nem conseguem conceber. Hoje, as questões do aborto e da eutanásia reabrem discussões de direitos fundamentais que os nossos avós consideravam pacíficas. Perante casos tão extremos, não pode espantar ver pessoas inteligentes e sérias duvidar do dever de pagar dívidas.

João César da Neves in DN online

Indignar-se com os indignados

O fenómeno indignados marca, sem dúvida, a nossa geração. O manifestante (the protester) foi considerado a personalidade do ano de 2011, pela revista Norte-Americana Time.

Mas quem é o indignado?
Helena Matos, ensaísta, numa conferência informal (Brown Bag Lunch) no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, em Lisboa, pronunciou-se sobre a licitude dos indignados, com o exemplo, pouco noticiado, da manifestação pós eleitoral em Espanha.
Perante uma eleição democrática de Mariano Rajoy um grupo de indignados (pelo menos uma centena) na Puerta del Sol mostrou o seu descontentamento, com cartazes abusivos, imagens trocistas, punhos levantados e bonecos a serem queimados que retratavam o novo primeiro-ministro do governo espanhol, ou seja uma manifestação cheia de ódio. Havia um grito de ordem: "Rajoy recuerda, tenemos una cuerda".
Este clamor, não é de todo inocente, recordar que existe uma corda, visto que a morte pela corda é o símbolo da pena de morte, é um atentado à Liberdade e aos Direitos Humanos, sobretudo a uma figura de Estado que foi democraticamente eleita pelo povo, e, sendo a Espanha um país que até há pouco tempo tinha vigente na sua Constituição a pena de morte. 
Tanto na Europa continental, como nos países Ibéricos (Portugal em dimensões distintas da Espanha - Helena Matos desafiou, na ocasião, a um exercício sociológico: substituir os indignados da Puerta del Sol, tirando-lhes as rastas, as roupas largas, e trocando-os por cabelos rapados, casacos de cabedal e suásticas ao peito, mas mantendo o mesmo discurso de ódio, antiliberal e antidemocrático)  qual seria a reacção da comunicação social?

A comunicação social política é problemática uma vez que resguarda constantemente a esquerda, limitando sempre as criticas que lhes são feitas. Podendo ser uma espécie de fobia ideológica, talvez caracterizada pelo erro histórico muito presente em diversas esferas, de associar a esquerda à liberdade e à democracia de tal forma que a liberdade e a democracia sejam indissociáveis do próprio conceito da esquerda.

Na realidade é notório que os políticos portugueses têm um enorme receio (não só nas campanhas) de se assumirem de direita. Ser de direita na praxis politica é sinónimo de ser reaccionário, conservador, etc., quando na Europa as grandes ditaduras que perduraram durante anos foram inspiradas no pensamento de esquerda, não só o comunismo, como o próprio nazismo têm origem no partido nacional- socialista.
Esta infantilidade ideológica, de dividir o mundo do pensamento politico maniqueisticamente: a direita mázinha e a esquerda boazinha, tem como consequência a anulação da discussão politica. Já não se encontra os políticos numa arena, a produzirem pensamento, com ideias novas, mas sobretudo a serem coerentes. Por vezes, em Portugal é muito difícil de distinguir um deputado socialista de um deputado social-democrata e vice-versa mesmo em assuntos estruturais. Como é também habitual ouvir-se na vox populi que os políticos são todos iguais, esta falta de confiança na política é fruto da nossa política insossa, sem o tempero da ideologia, da discussão, que têm sido paulatinamente substituídos pelo medo eleitoral, pelo medo de querer agradar a todos. Mas do que realmente precisamos é de políticos que se distinguem.
É neste panorama que se aclama o impacto dos indignados: numa moderada e constante aceitação do discurso da esquerda e da necessidade de políticos que se diferenciam pela coerência. A solução parece vir dos manifestantes, pois eles auto intitulam-se, com o reforço da comunicação social, a voz activa da sociedade. Mas é um desacerto considerar os indignados a nossa voz activa. Por diversas razões:
Primeiro, esta é uma herança pesada do pensamento da revolucionário francês (ao menos não herdamos directamente a guilhotina), a ideia do imaginário da revolução, é preciso partir do zero, assim sendo, destruir para construir a sociedade perfeita, sem vícios, o novo mundo. Mas isto é uma utopia, ingénua, porque toda a sociedade parte de uma contextualização histórico-social e não passível de ser anulada. É a História, que está introduzida em todos os sectores, não só políticos como na arte, na economia, na literatura...
Na verdade são os indignados que têm as câmaras viradas para si, mas não representam as necessidades da comunidade, nem em termos de pensamento, nem em número. O grande exemplo está novamente em Espanha, neste verão durante o encontro do Papa Bento XVI com os Jovens, em Madrid, lá estavam eles os indignados (por vezes questiona-se se se indignam só por se indignarem ou se têm mesmo conhecimento total daquilo por que se indignam!), os manifestantes eram o número ínfimo em relação aos jovens que se tinham deslocado a Madrid para ouvir o Papa, o Jornal ABC descreveu-os como uma "gota", num enorme oceano. Indignaram-se contra um dos direitos mais íntimos do homem: o direito da Liberdade Religiosa, com o pretexto financeiro, quando na realidade a Jornada Mundial da Juventude injectou 354 milhões de Euros no mercado madrileno, ou seja até foi um investimento; indignaram-se contra a imagem do Papa quando a mensagem que trazia era de paz, amor, ecologia e esperança. Eram poucos mas desviaram as atenções da comunicação social, apoiados por alguns partidos de esquerda/extrema-esquerda os indignados destacaram-se pela violência, foi uma mensagem de ódio versus uma mensagem de paz.
A nossa geração futura não pode nem deve ser a indignada, mas sim a geração da sociedade civil (as famílias, a classe médias, as pequenas empresas...). A crise é uma oportunidade de procurarmos responder aos desafios, com mais criatividade. Esta nossa pesada herança francesa, a tendência do Estado paternalista e responsável e decisor... o Estado que deve educar, o Estado que define o número de filhos, o Estado que me dá emprego, o Estado que diz o que eu devo comer etc... , assim a sociedade civil não é estimulada a pensar na política e afasta-se das suas responsabilidades e das suas competências, não intervindo em decisões importantes da sua própria vida, da sua própria subsistência.
O Estado não vai resolver os nossos problemas, nem pode nem deve, nós precisamos de uma sociedade civil forte, atenta baseada em associações, instituições, na interajuda, nos conceitos de solidariedade e subsidiariedade. É notório na história que quando um regime autoritário se instala a sua prioridade inicial é acabar com as instituições, organizações e criar uma sociedade civil fraca, igualitária, fácil de dominar.
Por isso a solução para a crise, passa, sem dúvida, por uma sociedade civil forte, que não se indigne, mas que se digne.
Benedita Martins Machado

Aceprensa

DEUS NÃO MUDA AO SABOR DOS TEMPOS (Meditação de Joaquim Mexia Alves)

Leio algumas notícias, textos e comentários, quer na comunicação social, quer em espaços na net, e apercebo-me de algo que acho extraordinário, nesta “escalada” que o homem vai fazendo, afastando-se decididamente de Deus, ou pelo menos tentando fazer um deus à sua maneira.

Não bastavam as leis iníquas ao avesso da moralidade e defesa da família, elaboradas e aprovadas à pressa por políticos que apenas buscam protagonismo pessoal e “tapar o sol com a peneira”, vêm também alguns, apelidando-se de cristãos e católicos, fazer coro com os mesmos, arvorando-se em detentores da “verdadeira” doutrina do cristianismo.



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'A aldeia em chamas' pelo Pe. Rodrigo Lynce de Faria

É conhecida a história de Kierkegaard sobre o palhaço e a aldeia em chamas. O relato conta-nos que num circo da Dinamarca houve um grande incêndio. O director do circo pediu a um dos palhaços, que já estava preparado para actuar, que fosse rapidamente até à aldeia vizinha. O objectivo era pedir ajuda e avisar do perigo de que as chamas chegassem até lá. O palhaço correu até à aldeia e pediu aos habitantes que fossem com a maior urgência ao circo para apagar o fogo.

No entanto, os habitantes pensavam que se tratava de uma brincadeira e aplaudiram até chorar de tanto rir. O palhaço tentava explicar-lhes que era algo sério e que o circo estava realmente a arder. A sua insistência somente aumentava as gargalhadas. Acreditavam os aldeões que nunca tinham visto um cómico tão bom e que representasse tão bem. Até que o fogo chegou à aldeia. A ajuda foi demasiado tardia e tanto o circo como a povoação ficaram totalmente destruídos.

Esta história é uma boa comparação com a situação actual de tantos cristãos. Eles comprovam frequentemente o seu fracasso na tentativa de explicar aos outros a mensagem cristã de salvação. «Mas ser salvos de quê?» perguntam muitos. E sorriem com um certo ar de troça. Eles já não são “ingénuos”. E na sua aparente “auto-suficiência” não se dão conta, ou não o querem reconhecer, de que tudo nesta terra, a começar por nós próprios, traz em si o selo da caducidade. Tudo é passageiro.

Por isso, para entender a mensagem cristã é preciso, em primeiro lugar, sentir a necessidade de sermos salvos. É preciso darmo-nos conta de que, por muito avanço tecnológico que tenhamos alcançado, por muitos bens materiais que tenhamos adquirido, a miséria humana continua sempre presente à nossa volta e também dentro de nós. Indigência material, opressões injustas, doenças físicas ou psíquicas, e sobretudo a morte, derradeiro escândalo da vida. “Como ficam sós os mortos” repetia o poeta com versos já gastos. “Mas sós de verdade” acrescentava, “ficam os vivos quando sofrem sem esperança”.

Cegam-se a si próprios aqueles que pretendem não necessitar de salvação. Aqueles que afirmam não terem nada na sua vida de que se arrependerem, nada que tenham feito mal. Chamados à felicidade eterna, mas feridos pelo mal moral, muito mais sério do que o mal físico, todos nós necessitamos de uma salvação que só pode vir de Deus, a única realidade que não é passageira mas eterna.

Por isso, a fé e o actuar de acordo com ela, não é mais um detalhe na nossa vida. É, pelo contrário, algo de enorme importância e com profundas consequências temporais e eternas.

Rodrigo Lynce de Faria

Unidade confiada ao Romano Pontífice

“De facto, a unidade é primariamente unidade de fé, apoiada no sagrado depósito, de que o Sucessor de Pedro é o primeiro guardião e defensor. Confirmar os irmãos na fé, mantendo-os unidos na confissão de Cristo crucificado e ressuscitado constitui para o que está estabelecido na cátedra de Pedro a primeira e fundamental tarefa que Jesus lhe conferiu”.

(Bento XVI – aos participantes na assembleia plenária da Congregação para a Doutrina da Fé em 15.01.2010)

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1932

Escreve: “Menino, oferece-lhe todos os dias... as próprias fragilidades”.


(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Sem Maria não chegaremos espiritualmente a Deus

«Porque o “sim” de Maria á tão imaculado e perfeito, a sua imitação e veneração não constitui qualquer espécie de espiritualidade separada. É o contrário que há que dizer: nenhuma espiritualidade aprovada na Igreja pode permitir-se pretender chegar a Deus passando ao lado deste modelo de perfeição cristã e não sendo também mariana.»

(Hans Urs von Balthasar in ‘Maria primeira Igreja’ – Joseph Ratzinger e Hans Urs von Balthasar, título da responsabilidade do autor do blogue)

A Igreja, esposa de Cristo

Beato João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005
Carta apostólica «Mulieris dignitatem» §§ 23,26 


As palavras da Carta aos Efésios têm uma importância fundamental: «Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou a Si mesmo por ela, a fim de santificá-la, purificando-a com o banho de água juntamente com a palavra, para apresentá-la a Si próprio resplandecente de glória, sem mancha, nem ruga. [...] Por isso, o homem deixará pai e mãe, unir-se-á à sua mulher e passarão os dois a formar uma só carne. Grande mistério é este; digo-o referindo-me a Cristo e à Igreja» (5, 25-32).


O mistério pascal revela plenamente o amor esponsal de Deus. Cristo é o Esposo porque «Se entregou a Si mesmo»: o Seu corpo foi dado, o Seu sangue foi derramado (cf. Lc 22, 19-20). Deste modo «amou até ao fim» (Jo 13, 1). O dom sincero expresso no sacrifício da Cruz ressalta de modo definitivo o sentido esponsal do amor de Deus. Cristo é o Esposo da Igreja, como redentor do mundo. A Eucaristia torna presente e de modo sacramental realiza novamente o acto redentor de Cristo, que cria a Igreja, Seu corpo. A este corpo Cristo une-Se como o esposo com a esposa. Tudo isto está presente na Carta aos Efésios. No «grande mistério» de Cristo e da Igreja é introduzida a eterna «unidade dos dois», constituída desde o princípio entre o homem e a mulher.

«O Esposo está com eles»

Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino
De la Trinité et de ses oeuvres, 42, Sur Isaïe, 2, 26


«Com grande alegria rejubilei no Senhor e o meu coração exulta no meu Deus [...], como o noivo que cinge a fronte com o diadema, como noiva que se adorna com suas jóias» (Is 61, 10). Cabeça e membros, Esposo e Esposa, Cristo e a Igreja, somos um só corpo. De hoje em diante, brilhará para sempre no Cristo esposo a coroa do triunfo - Ele, minha Cabeça, que sofreu algum tempo, enquanto sobre mim, Sua Esposa, luzirão as jóias das Suas vitórias e das Suas graças.

«Assim como a terra produz os seus gérmens, e o jardim faz brotar as suas sementes, assim o Senhor Deus fará brilhar a justiça e os hinos diante de todas as nações» (Is 61, 11). Ele é o Esposo e eu a Esposa; Ele é o Senhor Deus, eu Sua terra e Seu jardim; Ele é o jardineiro e eu Seu campo. Aquele que, como Criador, é meu Senhor e meu Deus, é também meu jardineiro porque Se fez homem. [...] Assim como o jardineiro planta e rega, e Deus dá o incremento, assim também Aquele que é o Único plantará pela Sua humanidade e regará pelo anúncio da Boa Nova, dando o incremento pela Sua divindade, graças ao Seu Espírito. E eu, a Igreja, farei eclodir o gérmen da justiça, da fé e do louvor a Deus, não somente diante do povo judeu, mas diante de todas as nações. Elas verão as minhas boas obras (Jo 15, 1) lendo as palavras e as obras dos patriarcas e dos profetas, ouvindo a voz dos apóstolos, e acolhendo a sua luz; verão e acreditarão e glorificarão o Pai que está nos céus (Mt 5, 16).

Mozart, K321 Vesperae de Dominica-Beatus Vir

«O Esposo está com eles»

Odes de Salomão (texto cristão hebraico do início do século II) , nº 2


[Pelo baptismo] revesti-me do amor do Senhor (Ga 3,27) [...],
Ele abraça-me.
Não saberia amar o Senhor,
se Ele não me tivesse amado primeiro.
Quem pode compreender o amor,
a não ser aquele que é amado?
Abraço-me ao Amado e minha alma ama-O.


Onde fica o Seu repouso,
aí estou eu (cf Ct 1,7).
Não serei jamais um estranho;
o Altíssimo é misericordioso.
Estou unido a Ele,
porque o Esposo encontrou aquele que ama.


Porque amo o Filho,
torno-me filho.
Sim, quem adere Àquele que não morre
torna-se imortal.
Aquele que se maravilha com a Vida
está também vivo.


Tal é o verdadeiro espírito do Senhor,
que ensina aos homens os Seus caminhos.
Sede sábios, compreendei e estai vigilantes. Aleluia!


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 16 de Janeiro de 2012

Os discípulos de João e os fariseus estavam a jejuar. Foram ter com Jesus, e disseram-Lhe: «Porque jejuam os discípulos de João e os fariseus, e os Teus discípulos não jejuam?». Jesus respondeu-lhes: «Podem porventura jejuar os companheiros do esposo, enquanto o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo não podem jejuar. Mas virão dias em que lhes será tirado o esposo e, então, nesses dias, jejuarão. Ninguém cose um remendo de pano novo num vestido velho; pois o remendo novo arranca parte do velho, e o rasgão torna-se maior. Ninguém deita vinho novo em odres velhos; de contrário, o vinho fará arrebentar os odres, e perder-se-á o vinho e os odres; mas, para vinho novo, odres novos».


Mc 2, 18-22