Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 3 de março de 2012

Missa na Basílica de S. Pedro por ocasião do 30º aniversário de ‘Comunhão e Libertação’ (vídeos em espanhol e inglês)

Porquê jejuar? - Ensinamentos de Jesus e os primeiros cristãos (reflexão de Bento XVI)

No Novo Testamento, Jesus ressalta a razão profunda do jejum, condenando a atitude dos fariseus, os quais observaram escrupulosamente as prescrições impostas pela lei, mas o seu coração estava distante de Deus. O verdadeiro jejum, repete também noutras partes o Mestre divino, é antes cumprir a vontade do Pai celeste, o qual «vê no oculto, recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele próprio dá o exemplo respondendo a satanás, no final dos 40 dias transcorridos no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). O verdadeiro jejum finaliza-se portanto a comer o «verdadeiro alimento», que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor «de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal», com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia. Encontramos a prática do jejum muito presente na primeira comunidade cristã (cf. Act 13, 3; 14, 22; 27, 21; 2 Cor 6, 5). Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de  )reprimir os desejos do «velho Adão», e de abrir no coração do crente o caminho para Deus. O jejum é também uma prática frequente e recomendada pelos santos de todas as épocas. Escreve São Pedro Crisólogo: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a quem o suplica» (Sermo 43; PL 52, 320.332). 

(Fonte: "Bento XVI, 11 de Dezembro de 2008", publicado em www.vatican.va através do site de São Josemaría Escrivá em http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/porquea-jejuar3f)

Dignidade humana e cristã da procriação (não deixe de ler s.f.f.)


"A dignidade humana e cristã da procriação não consiste num "produto", mas no seu vínculo com o acto conjugal, expressão do amor dos cônjuges, da sua união não só biológica, mas também espiritual", disse o Papa aos membros da Pontifícia Academia para a Vida, recebidos em audiência na manhã de 25 de Fevereiro, por ocasião da sua XVIII assembleia geral.

Senhores Cardeais
venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
prezados irmãos e irmãs

É-me grato encontrar-me convosco por ocasião dos trabalhos da XVIII Assembleia Geral da Pontifícia Academia para a Vida. Saúdo-vos e agradeço-vos a todos o serviço generoso em defesa e a favor da vida, de modo particular ao Presidente, D. Ignacio Carrasco de Paula, as palavras que me dirigiu também em vosso nome. O delineamento que conferistes aos vossos trabalhos manifesta a confiança que a Igreja sempre depositou nas possibilidades da razão humana e num trabalho científico rigorosamente conduzido, que tenham sempre presente o aspecto moral. O tema por vós escolhido este ano: "Diagnóstico e terapia da infertilidade", além de ter uma relevância humana e social, possui um valor científico peculiar e expressa a possibilidade concreta de um diálogo fecundo entre dimensão ética e pesquisa biomédica. Com efeito, diante do problema da infertilidade do casal, quisestes evocar e considerar atentamente a dimensão moral, procurando os caminhos para uma avaliação diagnóstica correcta e uma terapia que corrija as causas da infertilidade. Esta abordagem nasce do desejo não só de oferecer um filho ao casal, mas de restituir aos esposos a sua fertilidade e toda a dignidade de ser responsáveis pelas próprias opções procriativas, para serem colaboradores de Deus na geração de um novo ser humano. A procura de um diagnóstico e de uma terapia representa a abordagem cientificamente mais correcta da questão da infertilidade, mas também a mais respeitadora da humanidade integral dos interessados. Com efeito, a união do homem e da mulher naquela comunidade de amor e de vida, que é o matrimónio, constitui o único "lugar" digno para a chamada à existência de um novo ser humano, que é sempre um dom.

Portanto, desejo encorajar a honestidade intelectual do vosso trabalho, expressão de uma ciência que mantém vivo o seu espírito de busca da verdade, ao serviço do bem autêntico do homem, e que evita o risco de ser uma prática meramente funcional. Com efeito, a dignidade humana e cristã da procriação não consiste num "produto", mas no seu vínculo com o acto conjugal, expressão do amor dos cônjuges, da sua união não apenas biológica, mas também espiritual. A este propósito, a Instrução Donum vitae recorda-nos que, "pela sua estrutura íntima, enquanto une os esposos com um vínculo profundíssimo, torna-os aptos para a geração de novas vidas, segundo leis inscritas no próprio ser do homem e da mulher" (n. 126). Por conseguinte, as legítimas aspirações parentais do casal que se encontra numa condição de infertilidade devem obter, com a ajuda da ciência, uma resposta que respeite plenamente a sua dignidade de pessoas e de esposos. A humildade e a minuciosidade com que aprofundais estas problemáticas, consideradas obsoletas por alguns dos vossos colegas, diante do fascínio da tecnologia da fecundação artificial, merece encorajamento e apoio. Por ocasião do X aniversário da Encíclica Fides et ratio, eu recordava que "o lucro fácil ou, pior ainda, a arrogância de se substituir ao Criador desempenha às vezes um papel determinante. Esta é uma fórmula de hybris da razão, que pode assumir características perigosas para a própria humanidade" (Discurso aos participantes no Congresso internacional promovido pela Pontifícia Universidade Lateranense, 16 de Outubro de 2008: AAS 100 [2008], 788-789). Efectivamente, o cientismo e a lógica do lucro parecem hoje dominar o campo da infertilidade e da procriação humana, chegando a limitar também muitas outras áreas de investigação.

A Igreja presta grande atenção ao sofrimento dos casais com infertilidade, interessa-se por eles e, precisamente por isso, encoraja a pesquisa médica. Todavia, a ciência nem sempre é capaz de corresponder aos desejos de numerosos casais. Então, gostaria de recordar aos esposos que vivem a condição da infertilidade, que isto não faz malograr a sua vocação matrimonial. Pela sua própria vocação baptismal e matrimonial, os cônjuges são sempre chamados a colaborar com Deus na criação de uma humanidade nova. Com efeito, a vocação ao amor é uma vocação ao dom de si, e esta é uma possibilidade que nenhuma condição orgânica pode impedir. Portanto, onde a ciência não encontra uma resposta, a resposta que doa luz provém de Cristo.

Desejo encorajar todos vós aqui reunidos para estes dias de estudo e que às vezes trabalhais num contexto médico-científico onde a dimensão da verdade permanece ofuscada: continuai pelo caminho empreendido, de uma ciência intelectualmente honesta e fascinada pela busca contínua do bem do homem. No vosso percurso intelectual não desdenheis o diálogo com a fé. Dirijo-vos o apelo urgente, lançado na Encíclica Deus caritas est: "Para poder agir rectamente, a razão deve ser continuamente purificada porque a sua cegueira ética, derivada da prevalência do interesse e do poder que a deslumbram, é um perigo nunca totalmente eliminável [...] A fé permite à razão realizar melhor a sua missão e ver mais claramente o que lhe é próprio" (n. 28).

Por outro lado, precisamente a matriz cultural criada pelo cristianismo - radicada na afirmação da existência da Verdade e da inteligibilidade da realidade, à luz da Suma Verdade - digo a matriz cultural, tornou possível na Europa da Idade Média o desenvolvimento do saber científico moderno, saber que nas culturas precedentes tinha permanecido só em embrião.

Ilustres cientistas e todos vós, membros da Academia comprometidos na promoção da vida e da dignidade da pessoa humana, tende sempre presente também o papel cultural fundamental que desempenhais na sociedade e a influência que tendes na formação da opinião pública. O meu predecessor, beato João Paulo II recordava que, «precisamente porque "sabem mais", os cientistas são chamados a "servir mais» (Discurso à Pontifícia Academia das Ciências, 11 de Novembro de 2002: AAS 95 [2003], 206). As pessoas têm confiança em vós que servis a vida, tem confiança no vosso compromisso a favor de quantos precisam de alívio e esperança. Nunca cedais à tentação de tratar o bem das pessoas, reduzindo-o a um mero problema técnico! A indiferença da consciência em relação à verdade e ao bem representa uma ameaça perigosa para um progresso científico autêntico.

Gostaria de concluir, renovando os bons votos que o Concílio Vaticano II dirige aos homens de pensamento e de ciência: "Felizes os que, possuindo a verdade, continuam a procurá-la, a fim de a renovar, de a aprofundar e de a transmitir aos outros" (Mensagem aos homens de pensamento e de ciência, 8 de Dezembro de 1965: AAS 58 [1966], 12). É com estes bons votos que vos concedo, a todos vós aqui presentes e a todos os vossos entes queridos, a Bênção apostólica. Obrigado! 

(© L 'Osservatore Romano - 3 de Março de 2012)

Imitação de Cristo, 1, 13, 1

Enquanto vivemos neste mundo, não podemos estar sem trabalhos e tentações. Por isso lemos no livro de Jó (7,1): É um combate a vida do homem sobre a terra. Cada qual, pois, deve estar acautelado contra as tentações, mediante a vigilância e a oração, para não dar azo às ilusões do demônio, que nunca dorme, mas anda por toda parte em busca de quem possa devorar (1 Pdr 5,8) . Ninguém há tão perfeito e santo, que não tenha, às vezes, tentações, e não podemos ser delas totalmente isentos.

Se vês claramente o teu caminho, segue-o

Porque não te entregas a Deus de uma vez..., de verdade..., agora?! (São Josemaría Escrivá - Caminho, 902) 

Se vês claramente o teu caminho, segue-o. – Por que não repeles a cobardia que te detém? (São Josemaría Escrivá - Caminho, 903)

"Ide, pregai o Evangelho... Eu estarei convosco...". – Isto disse Jesus... e disse-to a ti. (São Josemaría Escrivá - Caminho, 904)

"Et regni ejus non erit finis". – O seu Reino não terá fim! 
Não te dá alegria trabalhar por um reinado assim? (São Josemaría Escrivá - Caminho, 906)

"Nesciebatis quia his quae Patris mei sunt oportet me esse?". – Não sabíeis que Eu devo ocupar-Me das coisas que dizem respeito ao serviço de meu Pai?


Resposta de Jesus adolescente. E resposta a uma mãe com a sua Mãe, que há três dias anda à sua procura julgando-O perdido. – Resposta que tem por complemento aquelas palavras de Cristo que São Mateus transcreve: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim". (São Josemaría Escrivá - Caminho, 907)

Na conclusão do retiro anual, Papa agradece ao cardeal africano pregador e congratula-se com a experiência da comunhão eclesial na diversidade


Com a recitação de Laudes e a meditação final, concluiu-se neste sábado de manhã os exercícios espirituais que tiveram lugar no Vaticano ao longo da semana, pregados pelo arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo). Bento XVI congratulou-se com o facto de ter sido possível receber assim “o peculiar testemunho de feda Igreja que crê, espera ama no Continente africano”. Numa carta ao cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, o Papa exprime a sua gratidão pelo serviço prestado com este retiro e recorda o comentário dedicado a algumas passagens da prima Carta de São João, guiando à “redescoberta do mistério de comunhão em que estamos inseridos a partir do nosso Batismo”. 


Evocando o testemunho de fé do Continente africano, transmitido pela presença e pelo estilo do cardeal Monsengwo, Bento XVI sublinhou que se trata de “um património espiritual que constitui uma grande riqueza para todo o Povo de Deus e para o mundo inteiro, especialmente na perspectiva da nova evangelização. “Como filho da Igreja em África, o senhor cardeal (escreve o Papa) fez-nos experimentar aquele intercâmbio de dons que é um dos aspetos mais belos da comunhão eclesial, em que a variedade das proveniências geográficas e culturais encontra modo de se exprimir de maneira sinfónica na unidade do Corpo místico”. 


Em breves palavras improvisadas, no final do retiro, o Papa referiu com apreço o facto de o purpurado pregador ter guiado o olhar dos participantes, “em direção a Deus”: “precisamente com este olhar para Deus, aprendemos o amor, a fé que cria comunhão”. O senhor cardeal – concluiu – “confirmou-nos na fé, da esperança e na caridade”.


A partir de amanhã, domingo, o Papa retoma a sua atividade habitual. Para além da recitação do Angelus, ao meio-dia, na praça de São Pedro, Bento XVI desloca-se de manhã à paróquia de São João Batista de La Salle, na periferia ocidental da cidade, onde celebrará Missa às 9.30.


Rádio Vaticano

Taizé - Bleibet hier

«Discutiam uns com os outros o que seria 'ressuscitar de entre os mortos'»


Anastácio do Sinai (?-depois de 700), monge 
Homilia para a festa da Transfiguração


No monte Tabor, Jesus mostrou aos Seus discípulos uma maravilhosa manifestação divina, como que uma imagem pré-figurativa do Reino dos Céus. Foi exactamente como se lhes dissesse: «Em verdade vos digo, alguns dos que estão aqui presentes não hão-de experimentar a morte, antes de terem visto chegar o Filho do Homem com o Seu Reino» (Mt 16,28). [...] São estas as maravilhas divinas desta festa. [...] Porque é ao mesmo tempo a morte e a festa de Cristo que nos une. A fim de penetrarmos nestes mistérios com os discípulos escolhidos, escutemos a voz divina e santa que, como que do alto [...], nos convoca com urgência: «Vinde, gritai para a montanha do Senhor no dia do Senhor, para o lugar do Senhor e na casa do vosso Deus.» Escutai, para que, iluminados por esta visão, transformados, transportados [...], invoquem esta luz dizendo: «Que terrível é este lugar! Aqui é a casa de Deus, aqui é a porta do céu» (Gn 28,17).


Por conseguinte, é para a montanha que temos de ir, como Jesus fez, Ele que, lá como no céu, é o nosso guia e o nosso precursor. Com Ele brilharemos aos olhares espirituais, seremos renovados e divinizados na constituição da nossa alma; configurados à Sua imagem, seremos como Ele transfigurados – divinizados para sempre e transportados para as alturas. [...]


Apressemo-nos portanto na confiança e na alegria, e penetremos na nuvem, como Moisés e Elias, como Tiago e João. Como Pedro, sejamos arrebatados por esta contemplação e esta manifestação divinas, sejamos magnificamente transformados, sejamos transportados para fora do mundo, elevados desta terra. Deixa a carne, deixa a criação e volta-te para o Criador a Quem Pedro dizia, deleitado, fora de si: «Mestre, é bom estarmos aqui.» Sim Pedro, é verdadeiramente bom estarmos aqui com Jesus, e estarmos aqui para sempre.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho de Domingo dia 4 de Março de 2012

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e conduziu-os sós, à parte, a um monte alto, e transfigurou-Se diante deles. As Suas vestes tornaram-se resplandecentes, de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia tornar tão brancos. Depois apareceu-lhes Elias com Moisés, que estavam a falar com Jesus. Pedro tomando a palavra disse a Jesus: «Rabi, que bom é nós estarmos aqui; façamos três tendas: uma para Ti, uma para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atónitos de medo. E formou-se uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e da nuvem saíu uma voz que dizia: «Este é o meu Filho muito amado, ouvi-O». Olhando logo à volta de si, não viram mais ninguém com eles senão Jesus. Ao descerem do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, senão depois de o Filho do Homem ter ressuscitado dos mortos. Observaram esta ordem, mas perguntavam-se o que queria dizer “quando tiver ressuscitado dos mortos”.


Mc 9, 2-10

Ser terra para a palavra de Deus

«Indubitavelmente, como o Evangelho o diz, orar quer dizer muito mais que palrar, que mascar palavras. Ser terra para a Palavra quer dizer que essa terra se deixa assumir pela semente, que se deixa assimilar pela semente, que se entrega a própria a fim de que essa semente se torne vida. A maternidade de Maria quer dizer que ela faculta a substância de si própria, corpo e alma, a fim de que uma nova vida possa crescer».

(Joseph Ratzinger in ‘Maria primeira Igreja’ – Joseph Ratzinger e Hans Urs von Balthasar)

«A verdade…


… não pode nem deve ter outra arma senão ela própria. Aquele que acredita é alguém que achou na verdade a pérola pela qual se dispõe a dar tudo o resto, inclusivamente a si mesmo».

(A Caminho de Jesus Cristo – Joseph Ratzinger)

«É lei primária na história que o que se escreve deve ser conforme com os acontecimentos tal como realmente sucederam».

(Spiritus Paraclitus, EB2, n. 457 - Bento XV [quinze])

«A causa dos nossos males vem da ignorância dos livros sagrados».

(Homilia sobre Col, ad loc. – São João Crisóstomo)

Jesus não é um E.T.

Decorre todo o mês de Março como tempo quaresmal, pelo que devemos dar à Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo a relevância que ela tem para a nossa salvação.

É preciso saber encarar o sofrimento do nosso Mestre como uma grande manifestação de Amor por todos e cada um de nós. Pode parecer-nos exagerado o grau de sacrifício a que Ele Se entregou de forma voluntária. Não teria Deus outros processos mais sadios para nos voltar a dar o Céu, perdido irremediavelmente com o pecado original dos nossos primeiros pais?

A resposta a esta questão é positiva. Deus não se encontra limitado por nada quando quer obter um objectivo. Ele é omnipotente, pelo que bastaria um impulso da sua vontade para nos garantir a nossa salvação.

No entanto, em todos os gestos e atitudes de Deus para connosco há sempre uma intenção educadora. Não esqueçamos que Ele é Pai e é dever de um pai proceder para com os seus filhos, de modo a que eles entendam, tanto quanto lhes for possível, aquilo que ele lhes propõe.

Para poder morrer por nós na Cruz, Cristo teve de encarnar, isto é, fazer-Se homem. Ele foi, como qualquer um de nós, um bebé inerme, depois de estar no seio materno de Maria o tempo necessário para poder nascer. Teve de alimentar-se no peito de Nossa Senhora, aprender a andar, a falar, a rezar e a relacionar-se com os outros.

Cresceu normalmente, entregue aos cuidados dos seus pais, que Lhe ensinaram o que um casal de judeus, santo e irrepreensível, costumava dar aos seus filhos. Assim se desenvolveu, aprendendo com o exemplo santificante de Maria e de José, a amar a vontade de Deus e os outros, sobretudo aqueles que Lhe eram mais próximos.

Não chama a atenção e, salvo um pequeno episódio mais inusitado no templo de Jerusalém quando ali vai no princípio da sua adolescência, ninguém diria que Ele era o Messias prometido desde os primórdios da humanidade pelo seu Pai. Só por inspiração divina alguns O reconhecem como uma criança especial: João Baptista no ventre de sua mãe, os pastores que vão ao presépio, o velho Simeão e Ana na sua apresentação no Templo, os Magos que vêm de longes terras. No início da sua vida pública, conhecem-no como o "filho do carpinteiro" e surpreendem-se com a autoridade com que fala e expõe a sua mensagem.

Jesus não é, portanto, um E.T., mas um simples aldeão da Galileia. Com a particularidade de que conta histórias encantadoras – as parábolas tão pedagógicas – e, sempre com reserva e comedimento, faz milagres espantosos, que revelam da sua parte um poder divino. Até tem a ousadia de perdoar os pecados em nome pessoal – capacidade que só Deus possui!

A sua normalidade choca. Em breve ganha profundos inimigos e grandes seguidores. Alguns destes são mesmo capazes de abandonar tudo para O acompanhar nas suas caminhadas evangelizadoras. Os primeiros não toleram o seu ascendente sobre as massas e condenam-nO à morte de uma forma ilícita e vergonhosa. Um procurador romano adepto do "politicamente correcto", convencido da inocência de Jesus, cede à pressão dos seus acusadores e manda-O crucificar. Importa mais a paz do que a verdade. No seu cepticismo de homem de conciliações abstrusas, perguntou mesmo a Cristo: "O que é a verdade?"

Sem uma queixa, ciente de que está a cumprir um mandato de Deus, Seu Pai, Jesus deixa-Se conduzir até ao lugar da execução, onde é crucificado juntamente com dois malfeitores. Reza intensamente, pede perdão ao Pai pelos autores da sua condenação à morte, converte um dos companheiros de suplício e desprende-Se até do ser que mais amava nesta terra, a sua Mãe, pedindo-lhe para assumir a nossa maternidade espiritual, que ela aceita na pessoa do discípulo predilecto do seu Filho, João.

Com a consciência de que cumpriu até ao fim a tarefa que Deus Lhe tinha pedido, Jesus morre, dizendo: "Tudo está consumado". O seu sacrifício tem um valor infinito, porque é o de uma Pessoa divina que Se fez Homem. Redimiu-nos, isto é, obteve para nós o perdão dos nossos pecados, incluindo o da má herança recebida pelo que foi cometido por Adão e Eva nos primórdios do género humano. Voltamos a receber a graça de Deus e, com ela, a filiação divina, que nos torna herdeiros do Céu.

Continuamos a não entender o sofrimento de Jesus? Parece-nos um exagero? Pensemos que no Coração de Cristo, manso e humilde, palpita o Amor de Deus. E que este, por ser perfeito, tem contornos que nos serão sempre misteriosos. Se nos admiramos tantas vezes com os requintes do amor de uma mãe pelos seus filhos, quanto mais não teremos de render o juízo perante o Amor infinito do nosso Deus.

(Pe. Rui Rosas da Silva – Prior da Paróquia de Nossa Senhora da Porta Céu em Lisboa in Boletim Paroquial de Março de 2009, selecção do título da responsabilidade do autor do blogue)

«MESTRE, QUE EU VEJA!»

«Mestre, que eu veja!»


Grito eu,
atirando fora a capa!


Aquela capa,
que cobre as minhas fraquezas,
que esconde o meu pecado,
revestida de incertezas,
pregueada de mentiras,
que faz trevas no meu ser,
que faz do meu viver,
um caminho desolado.


E dou um salto,
para fora da escuridão!


Um salto de confiança,
sem temer para onde vou,
porque cheio de esperança,
Naquele que me chamou.


«Mestre, que eu veja!»


«Vai, a tua fé te salvou!»


Monte Real, 3 de Março de 2011


http://apenasoracao.blogspot.com/2011/03/rezando-o-evangelho-de-hoje_03.html

A mão de Deus…

«(…), mas Deus não cria a dor e não quer a miséria da sua criatura, não é um Deus invejoso. Na realidade esta mão, face ao poder dum agir baseado na não-verdade autodestrutiva, é a força que dá esperança à história. A mão de Deus impede o homem de realizar o último acto de auto destruição. Deus não permite o aniquilamento da sua criatura».

(Olhar para Cristo – Joseph Ratzinger)

Senhor, porque chamas novo a este mandamento?

São Josemaría Escrivá
Amigos de Deus, 223

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!

Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos

Taizé - Crucem Tuam

«Eu digo-vos: [...] orai por aqueles que vos perseguem»

Bem-aventurado Tito Brandsma, mártir, carmelita holandês (1881-1942) 
Convite ao heroísmo, na fé e no amor


Muitas vezes ouvimos dizer que vivemos tempos maravilhosos, tempos de grandes homens. [...] É compreensível que haja quem deseje que se erga um chefe forte e capaz. [...] Essa espécie de neo-paganismo [o nazismo] considera toda a natureza como uma emanação do divino [...]; acredita que há raças mais puras e mais nobres que outras. [...] Daí vem o culto da raça e do sangue, o culto dos heróis do próprio povo.


Partindo de uma ideia tão errónea, essa maneira de ver pode conduzir a erros capitais. É triste ver quanto entusiasmo e quantos esforços são postos ao serviço dum tal ideal, falso e sem fundamento! Contudo, podemos aprender com o nosso inimigo. Com a sua filosofia mentirosa, podemos aprender a purificar o nosso próprio ideal e a melhorá-lo; podemos aprender a desenvolver um grande amor por esse ideal, a suscitar um imenso entusiasmo e mesmo a disponibilidade para viver e morrer por ele; a fortalecer a coragem para o incarnar, em nós próprios e nos outros. [...]


Quando falamos da vinda do Reino e quando rezamos para que ele venha, nunca pensamos numa discriminação com base na raça ou no sangue, mas na fraternidade de todos os homens, uma vez que todos os homens são nossos irmãos — sem excluir mesmo aqueles que nos odeiam e nos atacam —, em ligação estreita com Aquele que faz nascer o sol sobre os bons e sobre os maus (cf Mt 5,45).


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 3 de Março de 2012

«Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. Deste modo sereis filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o sol sobre maus e bons, e manda a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem também assim os próprios gentios? Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.

Mt 5, 43-48