Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 15 de julho de 2012

Amar a Cristo...

Amado Jesus, aviva-nos a doçura e compreensão para com o próximo, ajuda-nos a aniquilar a amargura que nos invadiu desde há um dia, pois embora saibamos que ela é inapropriada de quem deseja intitular-se filho de Deus, temo-la combatido em vão até agora não a conseguindo debelar.

Senhor, só Tu e portanto o nosso próximo também mereceis a nossa atenção e jamais a nossa má disposição, que nem as dificuldades de saúde nos podem justificar, mas, querido Jesus, porque será que embora conscientes de tudo isto persistimos, ofendendo-Te?

Envia-nos a Tua graça e ilumina o nosso coração duro para assim podermos melhor Te amar e praticarmos a virtude da cridade.

JPR

Missa dominical do Papa a Frascati, nos arredores de Roma, perto de Castel Gandolfo

Bento XVI deslocou-se neste domingo de manhã a Frascati, cidade e diocese situada a pouca distância de Castel Gandolfo, para ali celebrar a Eucaristia, na praça diante da catedral. O Papa partiu da sua residência de verão às 9 horas, de automóvel, chegando a Frascati um quarto de hora depois.

Frascati é uma das sete dioceses chamadas “sub-urbicárias”, dos arredores da Urbe – Roma, às quais correspondem os “títulos” dos cardeais de maior relevo. Atual “titular” de Frascati é o cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado.

Com uma superfície de 220 Km2, a diocese de Frascati conta 123 mil habitantes e 24 paróquias. O atual bispo, D. Rafael Martinelli, é bem conhecido do Papa Ratzinger, do qual foi colaborador ao longo de 23 anos na Congregação para a Doutrina da Fé e que o ordenou bispo em São Pedro, em 2009.

Na homilia, Bento XVI comentou passo a passo as Leituras da Missa. Começando pelo Evangelho, evocou como Jesus toma a iniciativa de “enviar” os doze Apóstolos. “Apóstolo” significa precisamente “enviado”. Desde o princípio Jesus quer envolver os Doze na sua ação: uma espécie de tempo de “prática”, em vista da grande responsabilidade que os aguarda. Esta chamada de Jesus exprime o seu amor: “Ele não desdenha a ajuda que outros homens possam dar à sua obra. Conhece os limites deles, as suas fraquezas, mas não os despreza, pelo contrário, confere-lhes a dignidade de serem seus enviados”.

Por sua vez a primeira leitura, mostra que os enviados de Deus não são bem acolhidos. Foi o que aconteceu com o profeta Amos. Apesar da recusa daqueles a quem é enviado, o profeta – que sabe não ter sido ele a escolher a sua missão – continua a profetizar, não obstante tudo.

Assim também no Evangelho Jesus adverte os Doze de que poderão ser recusados, em qualquer parte, indicando-lhes como comportar-se se tal acontecer. Para além da pregação, devem preocupar-se com os doentes. “A missão apostólica deve sempre incluir os dois aspetos: pregação da palavra de Deus e manifestação da sua bondade com gestos de caridade, serviço e dedicação”.

Não faltou uma referência à segunda Leitura, da carta aos Efésios, que nos mostra a fecundidade da missão dos Doze. De facto, o apóstolo Paulo dá graças a Deus, que nos abençoou com toda a bênção espiritual, em Cristo. Bento XVI deu também ele graças a Deus por esta oportunidade de se deslocar a Frascati para ali anunciar a palavra da salvação, e congratulou-se com o empenho da diocese na formação, antes de mais na formação dos formadores:
“Foi precisamente o que fez Jesus com os seus discípulos: instruiu-os, preparou-os, formou-os também mediante uma “fase de prática” missionária, para se tornarem capazes de assumir a responsabilidade apostólica na Igreja. Na comunidade cristã, é sempre este o primeiro serviço que os responsáveis oferecem.”

Rádio Vaticano


Vídeo em espanhol

Imitação de Cristo, 2, 12, 8 - Da estrada real da santa cruz

Mas, apesar de tantas aflições, o homem não está sem o alívio da consolação, porque sente o grande fruto que lhe advém à alma pelo sofrimento da cruz. Pois, quando de bom grado a toma às costas, todo o peso da tribulação se lhe converte em confiança na divina consolação. E quanto mais a carne é cruciada pela aflição, tanto mais se fortalece o espírito pela graça interior. E, às vezes, tanto se fortalece, pelo amor das penas e tribulações que, para conformar-se com a cruz de Cristo, não quisera estar sem dores e sofrimentos, pois julga ser tanto mais aceito a Deus, quanto mais e maiores males sofre por seu amor. Não é isto virtude humana, mas graça de Cristo, que tanto pode e realiza na carne frágil, que o espírito com ardor abraça e ama o que a natureza aborrece e foge.
1. Não é conforme à inclinação humana levar a cruz, amar a cruz, cartigar o corpo e impor-lhe sujeição, fugir às honras,
2. aceitar as injúrias, desprezar-se a si mesmo e desejar ser desprezado, suportar as aflições e desgraças e não almejar prosperidade alguma neste mundo. Se olhares somente a ti, reconheces que de nada disso és capaz. Mas, se confiares em Deus, do céu te será concedida a fortaleza, e sujeitar-se-ão ao teu mando o mundo e a carne. Nem o infernal inimigo temerás, se andares escudado na fé e armado com a cruz de Cristo.

Procura cingir-te a um plano de vida

Sujeitar-se a um plano de vida, a um horário... é tão monótono! – disseste-me. E respondi-te: há monotonia porque falta Amor. (Caminho, 77)

Procura cingir-te a um plano de vida com constância: alguns minutos de oração mental; a assistência à Santa Missa, diária, se te é possível, e a Comunhão frequente; o recurso regular ao Santo Sacramento do Perdão, ainda que a tua consciência não te acuse de qualquer pecado mortal; a visita a Jesus no Sacrário; a recitação e a contemplação dos mistérios do terço e tantas outras práticas excelentes que conheces ou podes aprender.

Mas estas práticas não se deverão transformar em normas rígidas ou em compartimentos estanques. Indicam um itinerário flexível, acomodado à tua condição de homem que vive no meio da rua, com um trabalho profissional intenso e com deveres e relações sociais que não podes descuidar, porque é nessas ocupações que prossegue o teu encontro com Deus. O teu plano de vida há-de ser como uma luva de borracha que se adapta perfeitamente à mão de quem a usa.

Não te esqueças também de que o que é importante não é fazer muitas coisas; limita-te com generosidade àquelas que possas cumprir no dia-a-dia, quer te apeteça quer não. Essas práticas conduzir-te-ão, quase sem reparares, à oração contemplativa. Brotarão da tua alma mais actos de amor, jaculatórias, acções de graças, actos de desagravo, comunhões espirituais. E tudo isto, enquanto te ocupas das tuas obrigações: ao pegar no telefone, ao subir para um meio de transporte, ao fechar ou abrir uma porta, ao passar diante de uma igreja, ao começar um novo trabalho, ao executá-lo e ao concluí-lo. Referirás tudo ao teu Pai Deus.(Amigos de Deus, 149)


São Josemaría Escrivá

Delegado da Diocese do Algarve ao último Congresso Eucarístico Internacional fala numa “experiência extraordinária”

O padre Pedro Manuel, delegado da Diocese do Algarve ao último Congresso Eucarístico Internacional (CEI) da Igreja Católica, realizado em Dublin (Irlanda), de 10 a 17 do mês passado, explica à FOLHA DO DOMINGO que esta foi uma experiência “extraordinária” e “muito positiva” que espera agora sirva para enriquecer a Igreja algarvia.

O sacerdote, que integrou a comitiva portuguesa de 25 delegados (e que incluiu mais três portugueses que já estavam em Dublin para participar na iniciativa), considera mesmo que foi das experiências mais importantes da sua vida –, logo atrás da Jornada Mundial da Juventude em Madrid, em 2011, e da missão em Angola, em 2006 –, a mais significativa que já viveu.

O delegado ao CEI, que teve como objetivo colocar a Igreja a refletir sobre a Eucaristia, destaca o sentimento vivido de universalidade da Igreja. “Foi uma experiência muito grande de Igreja porque experimentei um bocadinho da Igreja toda, da Igreja comunhão, a Igreja que é «mãe» e que, por isso, acolhe os seus «filhos» de muitas maneiras e da Igreja que somos chamados a construir”, sustenta o sacerdote, lembrando que os novos continentes estiveram presentes “massivamente”, ao contrário da Europa.

O padre Pedro Manuel considera que o congresso, sob o tema “A Eucaristia: Comunhão com Cristo e entre nós”, serviu para ver como é que a Eucaristia poderá ser “ponto de unidade” entre cristãos e que o mesmo demonstrou que “a Igreja está preocupada em abrir-se à comunhão”. Assim, o CEI foi aberto à participação de cristãos não católicos e “a preocupação ecuménica foi muito evidenciada” no decurso do mesmo. “O facto de se começar, num congresso desta envergadura, com um dia dedicado ao ecumenismo, já é sinal disso. O facto de se colocar um arcebispo anglicano a presidir à celebração ecuménica num país maioritariamente católico e no contexto de um congresso da Igreja católica, acho que é um bonito gesto”, testemunha o sacerdote, considerando haver o “desejo de se manifestar essa comunhão e unidade a partir destes pequenos passos”.

Neste sentido, o CEI arrancou no dia 11 de junho com o Dia Ecuménico com intervenções do irmão Alois, prior da Comunidade Ecuménica de Taizé (França), e de Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares, duas participações que sensibilizaram muito o delegado algarvio. “A presidente dos Focolares lembrou que a Igreja é o povo nascido do Evangelho. Os batizados são esse povo que nasceu do Evangelho porque o Evangelho era a norma de vida. O irmão Alois também tocou muito na questão da identidade que o batismo nos dá e dizia-nos que há uma coisa escandalosa: os cristãos habituaram-se a estar divididos como se isso fosse uma coisa normal. E este intercâmbio de dons devia levar-nos a ir mais além”, testemunhou, destacando ainda a celebração ecuménica presidida pelo arcebispo anglicano de Dublin.

O padre Pedro Manuel explicou que o segundo dia foi dedicado à Família. “O grande enfoque foi que a nossa vocação comum é o amor. Temos de passar esta vocação àqueles que vêm depois de nós. A preocupação de tornar Jesus presente nas famílias hoje. Houve um grande reafirmar do sacramento do Matrimónio para dizer que a verdade do amor é a base de toda e qualquer família. Falou-se muito da preocupação em relação aos divórcios e às crianças, filhas de pais separados”, contou.

O terceiro dia, dedicado ao Sacerdócio, contou com vários testemunhos sacerdotais, através dos quais se realçou a necessidade de se “encontrar pontos de comunhão” entre paróquias e entre aqueles responsáveis, mas, segundo o delegado algarvio ficaria marcado pela “conferência extraordinária” do cardeal D. André Vingt-Trois, arcebispo de Paris (França), sobre a formação dos futuros sacerdotes. O padre Pedro Manuel explicou que o purpurado se deteve na importância de viver o sacerdócio como uma “experiência de comunhão”, uma vez que “o padre não é um ser solitário” e “deve experimentar a comunhão com os seus pares”; como uma “experiência de sacramento”, uma vez que “o sacerdócio não é uma coisa sua mas algo que Deus lhe confere”; valorizando a “vivência da castidade”, tentando que seja “entendida como uma experiência positiva”; e como uma condição que leve ao “confronto com a Palavra de Deus e com a formação inteletual”. A conferência da tarde, sobre “O Sacerdócio como Ministério de Comunhão”, refletiu sobre a corresponsabilidade no sacerdócio, destacando que “o sacerdote deve colocar os outros a trabalhar consigo, não como colaboradores dependentes de si mas como corresponsáveis”.

O quarto dia (quinta-feira, 14 de junho), dedicado à Reconciliação, contou com uma celebração penitencial de duas horas, seguindo-se três horas de confissões, o quinto dia foi (sexta-feira, 15 de junho) o da unção dos doentes e no sexto dia (sábado, 16 de junho) realizou-se uma catequese feita pelo arcebispo de Manila (Filipinas), na qual lamentou que os católicos ainda não tenham descoberto quem é Deus e que o podem tratar por Pai.

A esperança de que “este congresso tem necessariamente que dar frutos à Igreja, pelo que representou de universalidade e pelo modo como a Igreja da Irlanda o acolheu e preparou”, foi evidenciada na mensagem do cardeal D. Marc Ouellet, prefeito da Congregação dos Bispos e legado papal ao encontro, durante a missa de encerramento no domingo (17 de junho), na qual o arcebispo de Dublin, D. Diarmuid Martin, pediu também muita oração pela Igreja da Irlanda para que esta se reconstrua após o crime de pedofilia praticado por sacerdotes. “Houve uma grande preocupação de se pedir perdão pela pedofilia em todas as celebrações e a Igreja católica referiu-se a esse acontecimento como o escândalo”, testemunha o padre Pedro Manuel.

O sacerdote, que destaca ainda a “celestial” liturgia do congresso, diz que foi “uma graça” ter participado no mesmo em nome da diocese algarvia. “Fiquei com vontade de participar noutros congressos, mesmo quando não for delegado diocesano, pelo que se aprende e pela experiência que se tem”, confessa, mostrando-se agora focado no que a sua presença em Dublin poderá trazer para a Igreja algarvia.
Samuel Mendonça

(Fonte: ‘Folha do Domingo’ AQUI)

Bom Domingo do Senhor!

Sejamos como os Apóstolos e com a mesma confiança n’Ele partamos ao encontro dos que precisam de escutar a Palavra do Senhor mesmo sem meios materiais como lhes recomendou e nos fala o Evangelho de hoje (Mc 6, 7-13).

Que Vossa Palavra, Senhor Jesus, seja alimento diário e permanente para todos que a escutam!

Catequese de Bento XVI sobre São Boaventura em 10 de Março de 2010 (excerto)

Ouçamos o Grande Catequista que é o nosso amado Papa

Como já disse São Boaventura, entre os vários méritos, teve o de interpretar autêntica e fielmente a figura de São Francisco de Assis, por ele venerado e estudado com grande amor. Em particular, na época de São Boaventura uma corrente de Frades Menores, chamados "espirituais", afirmava que com São Francisco fora inaugurada uma fase totalmente nova da história, aparecera o "Evangelho eterno" de que fala o Apocalipse, que substituía o Novo Testamento. Este grupo afirmava que a Igreja já tinha esgotado o seu papel histórico e seria substituída por uma comunidade carismática de homens livres guiados interiormente pelo Espírito, isto é pelos "Franciscanos espirituais". Na base das ideias de tal grupo havia os escritos de um abade cisterciense, Joaquim de Fiore, falecido em 1202. Nas suas obras, ele afirmava um ritmo trinitário da história. Considerava o Antigo Testamento como era do Pai, seguido pelo tempo do Filho, o tempo da Igreja. Haveria que esperar ainda a terceira era, a do Espírito Santo. Assim, toda a história devia ser interpretada como uma história de progresso: da severidade do Antigo Testamento à relativa liberdade do tempo do Filho, na Igreja, até à plena liberdade dos Filhos de Deus, no período do Espírito Santo, que enfim seria inclusive o período da paz entre os homens, da reconciliação dos povos e das religiões. Joaquim de Fiore suscitou a esperança de que o início do novo tempo viria de um novo monaquismo. Assim, é compreensível que um grupo de Franciscanos julgasse reconhecer em São Francisco de Assis o iniciador do novo tempo e, na sua Ordem, a comunidade da nova época a comunidade do tempo do Espírito Santo, que deixava atrás de si a Igreja hierárquica, para começar a nova Igreja do Espírito, desligada das velhas estruturas.

Portanto, havia o risco de um gravíssimo mal-entendido da mensagem de São Francisco, da sua fidelidade humilde ao Evangelho e à Igreja, e tal equívoco incluía uma visão errónea do Cristianismo no seu conjunto.

São Boaventura, que em 1257 se tornou Ministro-Geral da Ordem Franciscana, encontrou-se diante de uma grave tensão no interior da sua própria Ordem precisamente por causa de quem defendia a mencionada corrente dos "Franciscanos espirituais", que se inspirava em Joaquim de Fiore. Exactamente para responder a este grupo e dar nova unidade à Ordem, São Boaventura estudou com atenção os escritos autênticos de Joaquim de Fiore e os que lhe eram atribuídos e, tendo em consideração a necessidade de apresentar correctamente a figura e a mensagem do seu amado São Francisco, quis expor uma justa visão da teologia da história. São Boaventura enfrentou o problema na sua última obra, uma colectânea de conferências aos monges do estúdio parisiense, que ficou incompleta e chegou até nós através das transcrições dos auditores, intitulada Hexaëmeron, isto é uma explicação alegórica dos seis dias da criação. Os Padres da Igreja consideravam os seis ou sete dias da narração sobre a criação como profecia da história do mundo, da humanidade. Os sete dias representavam para eles sete períodos da história, mais tarde interpretados também como sete milénios. Com Cristo teríamos entrado no último, ou seja no sexto período da história, ao qual depois se seguiria o grande sábado de Deus. São Boaventura supõe esta interpretação histórica do relatório dos dias da criação, mas de um modo muito livre e inovativo. Para ele, dois fenómenos do seu tempo tornam necessária uma nova interpretação do curso da história.

O primeiro: a figura de São Francisco, homem totalmente unido a Cristo até à comunhão dos estigmas, quase um alter Christus, e com São Francisco a nova comunidade por ele criada, diferente do monaquismo até agora conhecido. Este fenómeno exigia uma nova interpretação, como novidade de Deus que surgiu nesse momento.

O segundo: a posição de Joaquim de Fiore, que anunciava um novo monaquismo e um período totalmente novo da história, indo além da revelação do Novo Testamento exigia uma resposta.

Como Ministro-Geral da Ordem dos Franciscanos, São Boaventura viu logo que com a concepção espiritualista inspirada por Joaquim de Fiore, a Ordem não era governável, mas caminhava logicamente rumo à anarquia. Para ele, havia duas consequências:

A primeira: a necessária prática de estruturas e de inserção na realidade da Igreja hierárquica, da Igreja real, tinha necessidade de um fundamento teológico, também porque os outros, aqueles que seguiam a concepção espiritualista, mostravam um aparente fundamento teológico.

A segunda: mesmo tendo em consideração o realismo necessário, não se podia perder a novidade da figura de São Francisco.

Como respondeu São Boaventura à exigência prática e teórica? Da sua resposta posso dar aqui só um resumo muito esquemático e incompleto, em alguns pontos:

1. São Boaventura rejeita a ideia do ritmo trinitário da história. Deus é um para toda a história e não se divide em três divindades. Portanto, a história é uma só, embora seja um caminho e segundo São Boaventura um caminho de progresso.

2. Jesus Cristo é a última palavra de Deus nele Deus disse tudo, doando-se e proclamando-se a si mesmo. Mais do que Ele mesmo, Deus não pode dizer, nem doar. O Espírito Santo é Espírito do Pai e do Filho. O próprio Cristo diz do Espírito Santo: "...ensinar-vos-á tudo o que vos tenho dito" (Jo 14, 26), "receberá do que é meu para vo-lo anunciar" (Jo 16, 15). Portanto, não existe outro Evangelho mais excelso, não há outra Igreja a esperar. Por isso, até a Ordem de São Francisco deve inserir-se nesta Igreja, na sua fé, no seu ordenamento hierárquico.

3. Isto não significa que a Igreja é imóvel, fixa no passado, e que nela não possa haver novidade. "Opera Christi non deficiunt, sed proficiunt", as obras de Cristo não regridem, não vêm a faltar, mas progridem, diz o Santo na Carta De tribus quaestionibus. Assim São Boaventura formula explicitamente a ideia de progresso, e esta é uma novidade em relação aos Padres da Igreja e a uma grande parte dos seus contemporâneos. Para São Boaventura, Cristo não é mais, como era para os Padres da Igreja, o fim, mas o centro da história; com Cristo, a história não termina, mas começa um novo período.Outra consequência é a seguinte: até àquele momento predominava a ideia de que os Padres da Igreja fossem o ápice absoluto da teologia, e que todas as gerações seguintes só pudessem ser suas discípulas. Até São Boaventura reconhece os Padres como mestres para sempre, mas o fenómeno de São Francisco dá-lhe a certeza de que a riqueza da palavra de Cristo é inesgotável e que até nas novas gerações podem despontar novas luzes. A unicidade de Cristo garante também novidade e renovação em todos os períodos da história.

Sem dúvida, a Ordem franciscana assim sublinha pertence à Igreja de Jesus Cristo, à Igreja Apostólica, e não pode construir-se num espiritualismo utópico. Mas ao mesmo tempo é válida a novidade de tal Ordem em relação ao monaquismo clássico, e São Boaventura como eu disse na catequese precedente defendeu esta novidade contra os ataques do Clero secular de Paris: os Franciscanos não têm um mosteiro fixo e podem estar presentes em toda a parte para anunciar o Evangelho. Precisamente a ruptura com a estabilidade, característica do monaquismo, a favor de uma nova flexibilidade, restituiu à Igreja o dinamismo missionário.

Nesta altura, talvez seja útil dizer que até hoje existem visões segundo as quais toda a história da Igreja no segundo milénio teria sido um declínio permanente; alguns vêem o declínio já imediatamente após o Novo Testamento. Na realidade, "Opera Christi non deficiunt, sed proficiunt", as obras de Cristo não regridem mas progridem. O que seria a Igreja, sem a nova espiritualidade dos Cistercienses, dos Franciscanos e Dominicanos, da espiritualidade de Santa Teresa de Ávila e de São João da Cruz, e assim por diante? Até hoje é válida esta afirmação: "Opera Christi non deficiunt, sed proficiunt", progridem. São Boaventura ensina-nos o conjunto do discernimento necessário, mesmo severo, do realismo sóbrio e da abertura a novos carismas doados por Cristo no Espírito Santo, à sua Igreja. E enquanto se repete esta ideia do declínio, há também outra ideia, o "utopismo espiritualista" que se repete. Com efeito, sabemos que depois do Concílio Vaticano II alguns estavam convictos de que tudo era novo, como se houvesse outra Igreja, que a Igreja pré-conciliar tivesse terminado e teríamos tido outra, totalmente "outra". Um utopismo anárquico! E graças a Deus os timoneiros sábios da barca de Pedro, Papa Paulo VI e Papa João Paulo II, por um lado defenderam a novidade do Concílio e por outro, ao mesmo tempo, defenderam a unicidade e a continuidade da Igreja, que é sempre Igreja de pecadores e sempre lugar de Graça.

4. Neste sentido São Boaventura, como Ministro-Geral dos Franciscanos, assumiu uma linha de governo em que era bem claro que a nova Ordem não podia, como comunidade, viver à mesma "altura escatológica" de São Francisco, em quem ele vê antecipado o mundo futuro, mas guiado ao mesmo tempo por um realismo sadio e pela coragem espiritual tinha que se aproximar o mais possível da máxima realização do Sermão da Montanha, que para São Francisco foi a regra, mesmo tendo em consideração os limites do homem, marcado pelo pecado original.

Vemos assim que para São Boaventura governar não era simplesmente agir, mas era sobretudo pensar e rezar. Na base do seu governo encontramos sempre a oração e o pensamento; todas as suas decisões derivam da reflexão, do pensamento iluminado pela oração. O seu contacto íntimo com Cristo acompanhou sempre o seu trabalho de Ministro-Geral e por isso ele compôs uma série de escritos teológico-místicos, que expressam a alma do seu governo e manifestam a intenção de orientar interiormente a Ordem, isto é de governar não só mediante mandatos e estruturas, mas guiando e iluminando as almas, orientando para Cristo.

Destes seus escritos, que são a alma do seu governo e mostram o caminho a percorrer, tanto ao indivíduo como à comunidade,gostaria de mencionar um só, sua obra-prima, o Itinerarium mentis in Deum, que é um "manual" de contemplação mística. Este livro foi concebido num lugar de profunda espiritualidade: o monte La Verna, onde São Francisco tinha recebido os estigmas. Na introdução, o autor explica as circunstâncias que deram origem a este seu escrito: "Enquanto eu meditava sobre as possibilidades da alma se elevar a Deus, apresentou-se-me entre outros aquele acontecimento admirável ocorrido naquele lugar com o bem-aventurado Francisco, ou seja a visão do Serafim alado em forma de Crucifixo. E meditando sobre isto, dei-me conta imediatamente de que tal visão me oferecia o êxtase contemplativo do próprio pai Francisco e ao mesmo tempo o caminho que a ele conduz" (Itinerário da mente em Deus, Prólogo, 2 em Obras de São Boaventura. Opúsculos Teológicos/1, Roma 1993, pág. 499).

Assim, as seis asas do Serafim tornam-se o símbolo de seis etapas que conduzem progressivamente o homem ao conhecimento de Deus através da observação do mundo e das criaturas e através da exploração da própria alma com as suas faculdades, até à união total com a Trindade por meio de Cristo, à imitação de São Francisco de Assis. As últimas palavras do Itinerarium de São Boaventura, que respondem à pergunta sobre o modo como se pode alcançar esta comunhão mística com Deus, deviam fazer alcançar o fundo do coração: "Se agora desejas saber como acontece isto (a comunhão mística com Deus), interroga a graça, não a doutrina; o desejo, não o intelecto; o gemido da oração, não o estudo da letra; o esposo, não o mestre; Deus, não o homem; as trevas, não a clareza; não a luz, mas o fogo que tudo inflama e transporta em Deus, com as fortes unções e os afectos ardentíssimos... Portanto, entremos nas trevas, silenciemos os anseios, as paixões e os fantasmas; passemos com Cristo Crucificado deste mundo para o Pai para, depois de o ter visto, dizermos com Filipe: basta-me isto" (Ibid., VII, 6).

Queridos amigos, aceitemos o convite que nos é dirigido por São Boaventura, o Doutor Seráfico, e coloquemo-nos na escola do Mestre divino: ouçamos a sua Palavra de vida e de verdade, que ressoa no íntimo da nossa alma. Purifiquemos os nossos pensamentos e as nossas acções, a fim de que Ele possa habitar em nós, e nós possamos ouvir a sua Voz divina, que nos atrai para a verdadeira felicidade.

(© L'Osservatore Romano - 13 de Março de 2010)

S. Boaventura, Bispo, Doutor da Igreja, 1218-1274

São Boaventura nasceu em Bagnorea, actualmente Bagnoregio, no ano de 1218. Ingressou na Ordem fundada por São Francisco, que, à semelhança dos dominicanos, já se tinham estabelecido em Paris, Oxford, Cambridge, Estrasburgo e em outras universidades europeias.

Um dia, Frei Egídio em sua simplicidade indagou ao Frei Boaventura como poderia salvar-se, se desconhecia a ciência teológica. Ele respondeu-lhe: "Se Deus dá ao homem somente a graça de poder amá-lo, isso basta... Uma simples velhinha poderá amar a Deus mais do que um professor de teologia."

São Boaventura foi discípulo de Alexandre de Hales, em Paris, permanecendo nessa cidade inicialmente como professor de teologia e posteriormente como ministro geral dos Frades Menores, tendo sido eleito para este cargo com apenas trinta e seis anos de idade. Recusou a consagração episcopal várias vezes por humildade, mais foi eleito cardeal recebendo a sede de Albano Laziale.

São Tomás de Aquino e São Boaventura foram convidados pelo Papa Gregório X a prepararem o segundo Concílio de Lião, mas São Tomás de Aquino faleceu alguns meses antes da abertura do concílio que aconteceu em 7 de Maio de 1274. A caridade é o fundamento da doutrina teológica que Frei Boaventura ensinou com sua palavra e escritos. O livro "O intinerário da mente para Deus" está entre os seus livros mais conhecidos.

Foi ele quem escreveu: "Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circuspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humanidade, o estudo sem a graça."São Boaventura morreu no dia 15 de Julho do ano de 1274.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

«Pela primeira vez enviou-os»

Beato João Paulo II 
Mensagem para a 42ª Jornada mundial de oração pelas vocações 17/04/2005 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)


Jesus disse a Pedro: «Duc in altum – Faz-te ao largo» (Lc 5,4) Pedro e os seus primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e lançaram as suas redes. [...] Quem abre o seu coração a Cristo não só compreende o mistério da sua própria existência, mas também o da sua vocação, e amadurece excelentes frutos de graça. [...] Vivendo o Evangelho na sua integralidade, o cristão torna-se cada vez mais capaz de amar à maneira de Cristo, acolhendo a Sua exortação: «Sede perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito» (Mt 5,48). Empenha-se em perseverar na unidade com os irmãos dentro da comunhão da Igreja, e põe-se ao serviço da nova evangelização para proclamar e testemunhar a maravilhosa verdade do amor salvífico de Deus. 


Queridos adolescentes e jovens, é a vós que, de modo particular, renovo o convite de Cristo a «fazer-se ao largo». [...] Confiai-vos a Ele, escutai os Seus ensinamentos, fixai o vosso olhar no Seu rosto, perseverai na escuta da Sua palavra. Deixai que seja Ele a orientar cada uma das vossas buscas e das vossas aspirações, cada um dos vossos ideais e dos desejos do vosso coração. [...] Penso ao mesmo tempo nas palavras que Maria, Sua Mãe, dirigiu aos servos em Caná da Galileia: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo 2, 5). Queridos jovens, Cristo pede-vos que aceiteis «fazer-vos ao largo» e a Virgem Maria anima-vos a não hesitardes em segui-l'O. Suba de cada canto da terra para o Pai celeste, sustentada pela intercessão materna de Nossa Senhora, a ardente prece para obter «operários para a Sua seara» (Mt 9, 38).


Jesus, Filho de Deus, 
em Quem habita toda a plenitude da divindade, 
Vós chamais todos os baptizados a «fazerem-se ao largo», 
percorrendo o caminho da santidade. 
Despertai no coração dos jovens 
o desejo de serem no mundo de hoje 
testemunhas da força do Vosso amor. 
Enchei-os do Vosso Espírito de fortaleza e de prudência 
para que sejam capazes de descobrir 
a verdade plena sobre si 
e sobre a sua própria vocação. 
Ó nosso Salvador, 
enviado pelo Pai 
para nos revelar o Seu amor misericordioso, 
concedei à Vossa Igreja 
o dom de jovens prontos a fazerem-se ao largo 
para serem entre os irmãos uma manifestação 
da Vossa presença salvífica e renovadora. 
Virgem Santa, Mãe do Redentor, 
guia seguro no caminho para Deus e para o próximo, 
Vós que guardastes as Suas palavras no íntimo do coração, 
protegei com a vossa intercessão materna 
as famílias e as comunidades eclesiais, 
para que estas saibam ajudar os adolescentes e os jovens 
a responder com generosidade ao chamamento do Senhor. 
Amen.


(Fonte: Evangelho Quotidiano)