Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Sinais de contradição

A-Deus

GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA*

O Padre José Afonso Guedes faleceu, no passado dia 5, de morte sobrenatural. Mais de trinta anos de fraterna amizade explicam que esta evocação não possa ser feita sem alguma emoção, que não tolda o meu juízo. Nem a minha fé pascal.
Não me envergonham as lágrimas, porque as vi correr na face de Jesus. Se Ele, que é perfeito Deus e homem perfeito, chorou a morte de Lázaro, embora fosse iminente a sua ressurreição, porque hei-de esconder a minha dor, não obstante a absoluta certeza de que quem crê em Cristo não morrerá, mas viverá para sempre?! Não tenho vergonha de chorar um amigo, porque não tenho vergonha de o amar em Jesus.
Um padre é um homem qualquer. Nasce e morre como toda a gente. Mas, como sacerdote, é Cristo, outro Cristo, o mesmo Cristo. Só Deus conhece a grandeza da dignidade sacerdotal. Deus e o diabo. Configurados com Cristo-Cabeça pelo Sacramento da Ordem, os padres são um alvo preferencial do inimigo de Deus. Por isso, Pedro advertia: «vigiai, porque o demónio, vosso adversário, anda ao vosso redor, como um leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé».
Não estive a seu lado no momento da partida, repentina e inesperada, mas quero crer que, aparentemente vencido pelo mal, dele saiu vencedor. Não em vão serviu o altar tantos anos e a tantos milhares de almas libertou, pela sua generosa e sacrificada dedicação ao Sacramento da Penitência. Obrigado, Padre José A. Guedes!
Outros diriam que foi a voragem do abismo que o atraiu, mas eu sei que não. Foi Deus que o chamou a Si, porque só Deus tem os que mais ama. A Deus!

*Padre. Escreve ao sábado.


(A ser publicado amanhã dia 9 de março de 2013 no jornal'i' e aqui antecipado por deferência e amizade do autor)

Ver texto entretanto publicado em http://www.ionline.pt/opiniao/deus

Amar a Cristo...

Senhor ofereceste-nos sempre grandes mulheres começando desde logo pela Tua e nossa Mãe, Maria Santíssima, mas recordamo-nos neste momento de Catarina de Sena, das Teresas, da d’Ávila à de Calcultà, das Isabeis,  das Consagradas e de todas aquelas ainda que anónimas que são um extraordinário exemplo de mulheres e filhas de Deus.

Senhor Jesus, como Te poderemos agradecer tamanhas graças? Perdoa-nos a simplicidade, mas dizendo-Te que as amamos e ambicionamos ser como elas.


Louvado sejais com a Virgem Maria para todo o sempre!


JPR

Recordar a Paixão, Morte e Sepultura de Nosso Senhor Jesus

Ao ritmo das sugestões da Carta apostólica Porta fídei, continuemos com a consideração dos artigos do Credo, neste Ano da fé. Convido-vos a aprofundar noutra das verdades que confessamos em cada domingo. Depois de manifestarmos a nossa fé na Encarnação, anima-se-nos a recordar a Paixão, Morte e Sepultura de Nosso Senhor Jesus: factos históricos que aconteceram realmente num lugar e num tempo determinados, como confirmam não só os Evangelhos, como muitas outras fontes. Ao mesmo tempo, estes acontecimentos autênticos ultrapassam, pelo seu significado e pelos seus efeitos, as meras coordenadas históricas, pois são eventos salvíficos, quer dizer, portadores da salvação realizada pelo Redentor.

A Paixão e Morte do Senhor, assim como a Sua Ressurreição, profetizadas no Antigo Testamento, encerram uma finalidade e um sentido sobrenatural únicos. Não foi um homem qualquer, mas o Filho de Deus feito homem, o Verbo Encarnado, que se imolou na Cruz por todos, em expiação dos nossos pecados. E esse único sacrifício de reconciliação torna-se presente nos nossos altares de modo sacramental de cada vez que se celebra a Santa Missa: com que recolhimento diário havemos de celebrar ou participar no Santo Sacrifício!

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de março de 2013)

© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Por que ex-padres podem comungar e divorciados não?

Conclave terá início no dia 12 de março

A oitava Congregação Geral do Colégio dos Cardeais, encerrada no final da tarde desta sexta-feira, decidiu que o Conclave para a eleição do novo Pontífice terá início na próxima terça-feira, 12 de março de 2013.

Pela manhã, na Basílica de São Pedro, será celebrada a Missa ‘Pro eligendo Pontifice’ e na parte da tarde a entrada dos Cardeais na Capela Sistina, para o Conclave.

Rádio Vaticano


Imitação de Cristo, 3, 57, 1 e 2 - Que o homem não se desanime em demasia, quando cai em algumas faltas

1. Jesus: Filho, mais me agradam a paciência e humildade nos reveses que a muita consolação e fervor nas prosperidades. Por que te entristece uma coisinha que contra ti disseram? Ainda que fosse maior, não te devias ter perturbado. Deixa passar isso agora, não é novidade; não é a primeira vez, nem será a última, se muito tempo viveres. Mas valoroso és, enquanto te não sucede alguma adversidade. Sabes até dar bons conselhos e acalentar os outros com tuas palavras; mas quando bate, de improviso, à tua porta a tribulação, logo te falta conselho e fortaleza. Considera tua grande fraqueza, que tantas vezes experimentas nas pequenas coisas; todavia, é para tua salvação que isso e semelhantes coisas acontecem.

2. Procura esquecer isso como melhor souberes, e, se te impressionou, não te abale nem te perturbe muito tempo. Sofre ao menos com paciência o que não podes sofrer com alegria. Ainda que te custe ouvir esta ou aquela palavra e te sintas indignado, modera-te, e não deixes escapar da tua boca alguma expressão despropositada, com que os pequenos se poderiam escandalizar. Logo se acalmará a tempestade em teu coração, e a dor se converterá em doçura, com a volta da graça. Eu ainda vivo, diz o Senhor, pronto para te ajudar e consolar, mais do que nunca, se em mim confiares e me invocares com fervor.

Requiem de Mozart - direção de Sir John Eliot Gardiner



Barbara Bonney, Soprano.
Anne Sofie von Otter, Mezzo-soprano.
Anthony Rolfe Johnson, Tenor.
Alastair Miles, Baixo.

Coro Monteverdi
English Baroque Soloists

Filmado no Palau de la Música Catalana, Barcelona, em Dezembro de 1991.

CONHECER BENTO XVI - Tornar visível um catolicismo positivo e convincente

Propostas de Bento XVI em 2010 para os católicos italianos, válidas também para os de outros países

Uma fé radicada na união com Cristo, que se traduza eficazmente na vida quotidiana, pessoal e social, e que transmita o carácter positivo da fé. É esse o fio condutor do discurso "pragmático" que Bento XVI dirigiu no dia 19 de Outubro de 2006 ao IV Congresso Nacional da Igreja em Itália, celebrado em Verona. Ainda que a imprensa tivesse feito eco sobretudo das repercussões políticas - num país onde os católicos estão presentes nas duas coligações maioritárias e antagonistas que definem a vida política -, o alcance do discurso do Papa foi muito mais amplo. E as ideias que contém podem aplicar-se em boa medida também a outros países.

O clima cultural
Como noutras ocasiões, o Papa apresentou no início uma rápida análise da situação cultural da nossa época. O panorama italiano caracteriza-se, como no resto do Ocidente, por uma forte incidência de uma onda cultural laicista e iluminista, que considera racionalmente válido só o que se pode experimentar e calcular. No plano do comportamento, define-se por ter erigido a liberdade individual como valor supremo. A ética fica encerrada nos confins do relativismo e do utilitarismo, pois se exclui todo o princípio moral que seja válido e vinculável. Nesse esquema, Deus não tem lugar nem na cultura nem na vida pública.
Na aplicação prática desta proposta, contudo, acaba-se por reduzir o homem a um simples produto da natureza. Por fim, elimina-se de facto o que era o fundamento desta visão do mundo: a reivindicação da centralidade do homem e da sua liberdade. "Não é difícil ver que este tipo de cultura representa um corte radical e profundo não só no cristianismo mas também, mais em geral, com as tradições religiosas e morais da humanidade". Uma consequência é a sua incapacidade para estabelecer um verdadeiro diálogo com outras culturas, nas quais a dimensão religiosa está fortemente presente. Também não se sabe responder às perguntas essenciais sobre o sentido da vida.

Desejo de esperança
Esta corrente cultural mostra, portanto, uma profunda carência e também um grande desejo de esperança, que inutilmente tenta dissimular. O Papa observou que esta crise - o perigo que supõe romper com as raízes cristãs da nossa civilização - foi advertida por "muitos e importantes homens de cultura, inclusivamente entre aqueles que não partilham ou praticam a nossa fé". E aqui vem a propósito recordar os debates públicos que o então cardeal Ratzinger manteve com alguns desses intelectuais.
A conclusão a que chega o Papa depois desta breve análise não é pessimista, pois sustenta que se trata de uma situação propícia para que Igreja renove o seu dinamismo. "Toca-nos a nós - não com as nossas pobres forças, mas com a força que vem do Espírito Santo - dar respostas positivas e convincentes às expectativas e interrogações da nossa gente". É um serviço que a Igreja pode prestar não só à Itália, mas também ao mundo inteiro.
Bento XVI não ofereceu receitas nem tácticas sobre como articular o testemunho cristão nos diversos âmbitos da vida humana. Mas manifestou que é preciso que se torne visível o grande "sim" que supõe a fé. "o grande sim" que Deus, em Jesus Cristo, comunicou ao homem e à sua vida, ao amor humano, à nossa liberdade e à nossa inteligência". Deve manifestar-se que "a fé em Deus de rosto humano traz a alegria ao mundo. O cristianismo, com efeito, está aberto a todo o que de justo, verdadeiro e puro há nas culturas e nas civilizações, a tudo o que atrai, consola e fortalece a nossa existência".

O exemplo dos primeiros cristãos
Essa atitude não equivale a um simples adaptar-se às culturas, já que sempre fará falta um trabalho de purificação, de sanação e amadurecimento. No plano intelectual é necessário, concretamente, "ampliar os espaços da nossa racionalidade, tornar a abri-la às grandes questões da verdade e do bem". E como o homem não é só razão e inteligência, é preciso também tornar patente o sentido do amor e da dor. Recordando João Paulo II, Bento XVI disse que face ao poder do mal e do pecado, Deus não opõe um poder maior mas sim que "prefere pôr o limite da sua paciência e da sua misericórdia, um limite que é, em concreto, o sofrimento do Filho de Deus".
Pôr em prática a fé nem sempre é fácil, e inclusivamente pode resultar discutível. Mas esses obstáculos não são razão para o desânimo: "ao contrário, devemos sempre estar preparados para dar resposta (apologia) a quem pergunte pela razão (logos) da nossa esperança (...). E devemos fazê-lo em todas as frentes, no campo do pensamento e da acção, dos comportamentos pessoais e do testemunho público". Para ilustrá-lo, o Papa referiu-se à vida dos primeiros cristãos. A primeira grande expansão missionária do cristianismo no mundo greco-romano foi possível graças "à forte unidade que se realizou, na Igreja dos primeiros séculos, entre uma fé amiga da inteligência e uma praxis de vida caracterizada pelo amor recíproco e pela atenção solícita pelos pobres e os que sofrem".

Educar a inteligência e a liberdade
A unidade entre a verdade e a caridade continua a ser, também na nossa época, o caminho para a evangelização. Neste contexto, ressalta a importância da educação da pessoa, tanto da inteligência como da liberdade e da capacidade de amar, sem esquecer o recurso à graça de Deus. Só assim se poderá fazer face ao risco de desequilíbrio entre o rápido crescimento do nosso poder técnico e o crescimento, muito mais árduo, dos nossos recursos morais.
Uma educação verdadeira tem necessidade de "despertar a valentia pelas decisões definitivas, que hoje se consideram um vínculo que mortifica a nossa liberdade, mas que - na realidade - são indispensáveis para crescer e alcançar algo grande na vida, especialmente para fazer amadurecer o amor em toda a sua beleza: quer dizer, para dar consistência e significado à mesma liberdade.
Sob esse ponto de vista, acrescentou o Papa, é que se entendem os "nãos" da doutrina de Cristo face a "formas débeis e desviadas do amor ou falsificações da liberdade", ou intentos de reduzir a razão só ao que é calculável e manipulável. "Na realidade, estes ‘nãos' são mais um ‘sim' ao amor autêntico, à realidade do homem tal como foi criado por Deus".

Na vida pública
A última parte do discurso foi dedicada à caridade e à responsabilidade cívica e política dos católicos. Para os cristãos, a caridade não é simples beneficência: "a caridade da Igreja torna visível o amos de Deus no mundo e torna assim convincente a nossa fé em Deus encarnado, crucificado e ressuscitado". Sobre as formas organizadas de caridade, o Papa sublinhou a importância de que mantenham o seu perfil específico, livre de sugestões ideológicas e de simpatias partidárias.
A passagem mais destacada pela imprensa foi a que dedicou à acção civil e política dos católicos, tema recorrente na actualidade política desde que há mais de uma década se abandonou em Itália o conceito de unidade política dos católicos num mesmo partido (a democracia cristã). O Papa sublinhou que a Igreja "não é e não quer ser um agente político. Ao mesmo tempo, tem um profundo interesse pelo bem da comunidade política, cuja alma é a justiça". A razão é que "Cristo veio salvar o homem real e concreto, que vive na história e na comunidade, e portanto o cristianismo e a Igreja, desde o começo, tem tido uma dimensão e um valor também públicos".
Com a distinção e autonomia recíproca entre Estado e Igreja, entre o que é de César e o que é de Deus, Jesus Cristo trouxe uma novidade substancial às relações entre religião e política, que abriu o caminho para um mundo mais humano e mais livre. A liberdade religiosa, "que advertimos como um valor universal, particularmente necessário no mundo de hoje", tem a sua raiz histórica nessa distinção.

Questões não negociáveis
A contribuição específica da Igreja neste campo expressa-se num nível duplo: por um lado, a doutrina social, argumentada a partir do que é conforme à natureza de todo o ser humano, que contribui a que se possa identificar eficazmente o que é justo, de modo que possa ser depois realizado; e por outro, a atenção pela formação das consciências, pois são necessárias "energias morais e espirituais que permitam antepor as exigências da justiça aos interesses pessoais, ou de uma categoria social ou inclusivamente do Estado".
Assim pois, "a tarefa imediata de actuar no âmbito político, para construir uma ordem social justa na sociedade, não é da Igreja como tal, mas sim dos fiéis leigos, que actuam como cidadãos com a sua própria responsabilidade". O Papa assinalou alguns campos que requerem uma especial atenção e trabalho: a guerra, o terrorismo, a luta contra a fome, a sede e algumas epidemias. Acrescentou que é preciso fazer frente, com a mesma determinação e clareza de intenções, ao "perigo de decisões políticas e legislativas que contradizem valores fundamentais e princípios antropológicos e éticos radicados na natureza do ser humano". Mencionou concretamente as que se referem à "tutela da vida em todas as suas fases, desde a concepção até à morte natural, e a promoção da família fundada sobre o matrimónio, evitando introduzir no ordenamento público outras formas de união que contribuiriam a desestabilizá-la, ofuscando o seu carácter peculiar e o seu papel social insubstituível".

Guia de navegação
A única referência por assim dizer "interna" à vida da Igreja foi feita no fim do discurso. Além de insistir em que para um cristão o essencial é a sua união com Cristo, disse que é preciso "resistir à ‘secularização interna' que ameaça a Igreja do nosso tempo, como consequência dos processos de secularização que têm marcado profundamente a civilização europeia".
Se se consideram em separado cada um dos temas abordados no discurso, a intervenção do Papa não trouxe "novidades", pois são conteúdos de que já tem falado noutras ocasiões, e que inclusivamente desenvolveu durante anos. Talvez a novidade esteja na abundância e na conexão das questões entre si: um elenco que converte este discurso numa espécie de guia de navegação que guiará a actividade da Igreja na Itália durante os próximos anos. E que oferece, sem dúvida, orientações significativas para outros países.

Aceprensa

No tempo justo e com reta intenção

… na Obra, antes de advertir alguém com uma correção fraterna, consulta-se a sua oportunidade. Além de verificarmos a retidão de intenção que leva a falar a esse irmão, poderão sugerir-nos a maneira de o fazer, tendo em conta as circunstâncias concretas de cada caso, de modo que sirva efetivamente de ajuda a quem a recebe. Garante-se assim que este meio de servir os outros seja sempre uma prova clara de prudência e delicadeza, de respeito pelos outros.

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei, na carta do mês de Março 2011 escrevendo sobre a ‘correcção fraterna’ como tema proposto por Bento XVI para esta Quaresma)

'Prenda pelo dia oito de março' de Costanza Miriano (agradecimento 'É o Carteiro!')

Gosto dos rapazes porque batem-se selvaticamente à espadeirada disputando o título de Supremo Soberando do Corredor, e cinco segundos depois de se terem matado dividem varonilmente uma garrafa de coca cola, para depois recomeçarem a brincar como se nada fosse.

Gosto deles porque nunca fazem um psicodrama, como as da sua idade, não descem aos abismos angustiantes do desespero
só porque alguém "disse que eu sou máááá".


Gosto deles porque o máximo de vingança de que são capazes é um pontapé, e nunca se dedicam a fazer comentários perversos a meia voz sobre a cor da camisola da sua inimiga nas suas costas.

Gosto deles porque são o modelo utilitário, o Fiat 127 do género humano: sem opcionais, mas sólidos e imprescindíveis.

Gostos dos homens quando armam mesas, remendam as paredes com betume, encontram caminhos e desencantam soluções. Quando não querem parar para perguntar onde fica a rua e, apesar de darem seis voltas à praça, acabam por encontrá-la, mantendo uma atitude condigna.

Gosto deles mesmo se fazem perguntas e, quando ela começa a responder, saem da sala.

Gosto deles quando, interrogados com um "lembras-te do que te disse ontem sobre a Ana Luísa?", com o olhar perdido no vazio rebuscam afanosamente a memória e fingem lembrar-se perfeitamente e respondem com monossílabos que não os atraiçoem, que não denunciem que, do segredo sobre a amiga, esqueceram tudo no preciso momento em que você lho confiou solenemente.

Gosto do homem mesmo quando tem o olhar abstraído, se fecha no silêncio, e no breve tempo que você se convence, numa escalada de pessimismo, que acabará por lhe dizer que a vossa relação chegou ao fim, eles, na realidade, elaboraram complexos pensamentos do género: sou bem capaz de mandar vir uma pizza; este sofá é incómodo; esperemos que demitam o treinador.

Gosto dos homens porque sem as mulheres são totalmente inábeis para a vida social, andam no mundo perdidos e desadaptados. Gosto deles porque nos fazem sentir indispensáveis.

Gosto da forma como escrevem, como falam, como cantam. Gosto deles porque realmente têm gosto pela música, pela arquitectura, pela arte.

Gosto dos homens porque sabem manter uma visão do todo, e analisar lucidamente a economia global, mas não conseguem conceber um plano estratégico que consiga conciliar pediatra, aula de dança e lanche.

Gosto deles mesmo quando, conscientes do amor da sua predilecta – que gasta horas a tentar manter um aceitável nível estético, fazer manicure, perfurmar-se e depilar-se -, vagueiam pela casa em roupas desalinhadas.

Gosto deles mesmo quando deitam as chaves de casa no caixote do lixo, confundem os dias da semana e os amigos dos filhos, trazem para casa, orgulhosos, sacos de compras cheios de objectos inúteis.

Gosto deles porque não se perdem em minúcias, sabem manter a bússola direita, e permanecer lúcidos e razoáveis e confiáveis, quando nós nos precipitamos nos redemoinhos misteriosos que trazemos dentro.

Gosto deles porque fazem o trabalho pesado por nós, e quando complicamos demasiado as coisas, sabem parecer, no momento certo, o lacónico e sábio grande chefe Boi Sentado.

Gosto dos homens porque eles são a nossa prenda do dia 8 de março.

Deus vivo

«Ao falarmos do Deus vivo isso significa que este Deus se nos mostra, que a partir da eternidade olha o tempo e estabelece uma relação connosco. Não o podemos definir como nos apetecer. Ele próprio de “definiu” e assim se perfila como Senhor nosso perante nós, sobre nós e no meio de nós»

(Joseph Ratzinger in ‘Maria primeira Igreja’ – Joseph Ratzinger e Hans Urs von Balthasar)

Sermos dignos das promessas de Cristo

«Devemos continuar a completar em nós os estados e mistérios da vida de Jesus e pedir-Lhe continuamente que Se digne consumá-los perfeitamente em nós e em toda a sua Igreja [...]. Na verdade, o Filho de Deus deseja comunicar e prolongar, de certo modo, os seus mistérios em nós e em toda a sua Igreja, [...] quer pelas graças que decidiu conceder-nos, quer pelos efeitos que deseja produzir em nós, por meio destes mistérios. É neste sentido que Ele quer completá-los em nós»

(O Reino de Jesus, 3, 4 - São João Eudes)

Brevíssimo comentário ao Evangelho de hoje

Respondamos também nós ao Senhor com fé e humildade à semelhança do escriba de que nos fala o Evangelho de hoje (Mc 12, 28-34) para assim nos aproximarmos do Reino de Deus.

Que o Senhor nos encontre sempre preparados e vigilantes para sermos dignos de por Ele ser eleitos.

O mandamento do amor

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade 
«Something Beautiful for God», p. 64


«Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento» Este é o mandamento de Deus, e Ele não pode mandar o impossível. O amor é um fruto de todas as estações e está sempre ao alcance da mão. Toda a gente pode colhê-lo sem limites. Qualquer um tem acesso a este amor através da meditação, do espírito de oração e de sacrifício, de uma intensa vida interior. [...]
     
Se não há qualquer limite, é porque Deus é amor (1Jo 4,8) e o amor é Deus. O que nos liga verdadeiramente a Deus é um relacionamento amoroso. E o amor de Deus é infinito. Ter parte nesse amor é amar e dar até que isso nos doa. É por isso que o importante não é tanto o que fazemos, mas o amor que pomos, o amor que colocamos no que fazemos. Quem não sabe dar nem receber amor é, qualquer que seja a sua riqueza, o mais pobre dos pobres.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 8 de março de 2013

Então aproximou-se um dos escribas, que os tinha ouvido discutir. Vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu-lhe: «O primeiro de todos os mandamentos é este: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”. O segundo é este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não há outro mandamento maior do que estes». Então o esriba disse-Lhe: «Mestre, disseste bem e com verdade que Deus é um só, e que não há outro fora d'Ele; e que amá-l'O com todo o coração, com todo o entendimento, com toda a alma, e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios». Vendo Jesus que tinha respondido sabiamente, disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». Desde então ninguém mais ousava interrogá-l'O.

Mc 12, 28-34