Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 19 de outubro de 2014

Cum Petro et sub Petro: Semper


8 e 15 Nov - Curso de Métodos Naturais de Planeamento Familiar - Auditório da Rádio Renascença - Lisboa


Homilia na integra do Santo Padre na Missa de encerramento do Sínodo e beatificação de Paulo VI

Acabámos de ouvir uma das frases mais célebres de todo o Evangelho: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (Mt 22, 21). À provocação dos fariseus, que queriam, por assim dizer, fazer-Lhe o exame de religião e induzi-Lo em erro, Jesus responde com esta frase irónica e genial. É uma resposta útil que o Senhor dá a todos aqueles que sentem problemas de consciência, sobretudo quando estão em jogo as suas conveniências, as suas riquezas, o seu prestígio, o seu poder e a sua fama. E isto acontece em todos os tempos e desde sempre.

A acentuação de Jesus recai certamente sobre a segunda parte da frase: «E [dai] a Deus o que é de Deus». Isto significa reconhecer e professar – diante de qualquer tipo de poder – que só Deus é o Senhor do homem, e não há outro. Esta é a novidade perene que é preciso redescobrir cada dia, vencendo o temor que muitas vezes sentimos perante as surpresas de Deus. Ele não tem medo das novidades! Por isso nos surpreende continuamente, abrindo-nos e levando-nos para caminhos inesperados. Ele renova-nos, isto é, faz-nos «novos» continuamente. Um cristão que vive o Evangelho é «a novidade de Deus» na Igreja e no mundo. E Deus ama tanto esta «novidade»!

«Dar a Deus o que é de Deus» significa abrir-se à sua vontade e dedicar-Lhe a nossa vida, cooperando para o seu Reino de misericórdia, amor e paz.

Aqui está a nossa verdadeira força, o fermento que faz levedar e o sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante que o mundo nos propõe. Aqui está a nossa esperança, porque a esperança em Deus não é uma fuga da realidade, não é um álibi: é restituir diligentemente a Deus aquilo que Lhe pertence. É por isso que o cristão fixa o olhar na realidade futura, a realidade de Deus, para viver plenamente a existência – com os pés bem fincados na terra – e responder, com coragem, aos inúmeros desafios novos.

Vimo-lo, nestes dias, durante o Sínodo Extraordinário dos Bispos: «sínodo» significa «caminhar juntos». E, na realidade, pastores e leigos de todo o mundo trouxeram aqui a Roma a voz das suas Igrejas particulares para ajudar as famílias de hoje a caminharem pela estrada do Evangelho, com o olhar fixo em Jesus. Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança.

Pelo dom deste Sínodo e pelo espírito construtivo concedido a todos, – com o apóstolo Paulo – «damos continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações» (1 Tes 1, 2). E o Espírito Santo, que nos concedeu, nestes dias laboriosos, trabalhar generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade, continue a acompanhar o caminho que nos prepara, nas Igrejas de toda a terra, para o Sínodo Ordinário dos Bispos no próximo Outubro de 2015. Semeámos e continuaremos a semear, com paciência e perseverança, na certeza de que é o Senhor que faz crescer tudo o que semeámos (cf. 1 Cor 3, 6).

Neste dia da beatificação do Papa Paulo VI, voltam-me à mente estas palavras com que ele instituiu o Sínodo dos Bispos: «Ao perscrutar atentamente os sinais dos tempos, procuramos adaptar os métodos (...) às múltiplas necessidades dos nossos dias e às novas características da sociedade» (Carta ap. Motu próprio Apostolica sollicitudo).

A respeito deste grande Papa, deste cristão corajoso, deste apóstolo incansável, diante de Deus hoje só podemos dizer uma palavra tão simples como sincera e importante: Obrigado! Obrigado, nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!

No seu diário pessoal, depois do encerramento da Assembleia Conciliar, o grande timoneiro do Concílio deixou anotado: «Talvez o Senhor me tenha chamado e me mantenha neste serviço não tanto por qualquer aptidão que eu possua ou para que eu governe e salve a Igreja das suas dificuldades actuais, mas para que eu sofra algo pela Igreja e fique claro que Ele, e mais ninguém, a guia e salva» (P. Macchi, Paolo VI nella sua parola, Brescia 2001, pp. 120-121). Nesta humildade, resplandece a grandeza do Beato Paulo VI, que soube, quando se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, reger com clarividente sabedoria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a confiança no Senhor.

Verdadeiramente Paulo VI soube «dar a Deus o que é de Deus», dedicando toda a sua vida a este «dever sacro, solene e gravíssimo: continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo» (Homilia no Rito da sua Coroação, Insegnamenti, I, 1963, p. 26), amando a Igreja e guiando-a para ser «ao mesmo tempo mãe amorosa de todos os homens e medianeira de salvação» (Carta enc. Ecclesiam suam, prólogo).

Bom Domingo do Senhor!

Tenhamos sempre a humildade de saber que nunca seremos capazes de O surpreender como arrogantemente pensaram os fariseus e os herodianos de que nos fala o Evangelho de hoje (Mt 22, 15-21). Jesus Cristo Nosso Senhor a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sendo Deus tudo sabe e tudo conhece e portanto só um soberbo com uma visão estritamente terrena poderá pensar que O apanha desprevenido.

Louvado seja Jesus Cristo Nosso Senhor!

Paulo VI e S. Josemaria

Ante a próxima beatificação do Papa Paulo VI, reunimos alguns relatos sobre a convivência que este Pontífice teve com S. Josemaria Escrivá.

Primeira audiência de Paulo VI ao fundador do Opus Dei

Fotografia tirada durante a audiência de S. Josemaria Escrivá com Paulo VI, a 24 de janeiro de 1964
Fotografia tirada durante a audiência de S. Josemaria Escrivá com Paulo VI, a 24 de janeiro de 1964
“No dia 24 de Janeiro, o Santo Padre Paulo VI recebe, em audiência privada, o Fundador do Opus Dei.

Quando chega diante do Papa, tenta ajoelhar-se para o cumprimentar como prescreve o protocolo. Mas Sua Santidade não permite. Pelo contrário, envolve-o com os braços num gesto de carinho e de cordialidade (…).

Quase no final da entrevista, diz ao Papa que, lá fora estava o Pe. Álvaro del Portillo. Paulo VI manda que entre imediatamente.

- Pe. Álvaro… Já nos conhecemos desde há vinte anos!...
- Santidade, só há dezoito.
Da allora sono diventato vecchio (De então para cá tornei-me velho).
Ma no, Santità: è diventato Pietro (Não, Santidade, tornou-se Pedro)".
(Ana Sastre, Tempo de caminhar)

Comentando o trabalho que ali se realizava dizia: “É uma obra que surge do coração, é uma obra de Cristo, é uma obra do Evangelho”
Inauguração do centro ELIS (21-11-1965)


Poucas semanas antes da cerimónia de encerramento do Concílio, marcada para o dia 8 de Dezembro de 1965, o Papa manifestou o seu desejo de inaugurar o Centro ELIS.Tratava-se de uma obra social educativa para a juventude operária, situada em Roma, no Bairro Tiburtino. Era um projecto antigo, que vinha do tempo em que João XXIII decidira destinar os fundos recolhidos por ocasião do octogésimo aniversário de Pio XII a uma obra social, e encarregar o Opus Dei da sua realização e gestão.

Mons. Dell’Acqua precisou que era desejo do Papa que a inauguração se fizesse durante uma das sessões do Concílio Vaticano II, por forma a que os Padres conciliares pudessem visitar o Centro, se fosse esse o seu desejo, e apreciar a solicitude do Pontífice para com os estratos sociais mais necessitados de ajuda religiosa e profissional, e o afecto do Papa pelo Opus Dei.
O Santo Padre na visita às instalações do Centro ELIS
O Santo Padre na visita às instalações do Centro ELIS
A 21 de Novembro, Paulo VI inaugurou a paróquia e os edifícios anexos. No discurso oficial pronunciado nas instalações do Centro ELIS, o Santo Padre agradeceu com palavras calorosas a todos quantos tinham tornado realidade o projecto, “mais uma prova do amor da Igreja”. 

Comentando o trabalho que ali se realizava dizia: “É uma obra que surge do coração, é uma obra de Cristo, é uma obra do Evangelho, toda ela orientada para benefício dos que a usam. Não é um simples albergue, não são simples oficinas, ou uma escola, não é um qualquer complexo desportivo: é um centro em que a amizade, a confiança, a alegria, constituem o ambiente onde a vida encontra a sua dignidade própria, o seu sentido, a sua verdadeira esperança; é a vida cristã que aqui se afirma e se desenvolve e aqui quer demonstrar na prática muitas coisas de interesse para o nosso tempo”.

Noutro momento do discurso o Papa disse: “A nossa presença aqui manifesta até que ponto este lugar, esta obra, estas pessoas, gozam da nossa simpatia e da nossa confiança, mais ainda, consideramo-las nosso ministério, tanto pessoal como apostólico. Numa palavra que resume tudo: Sentimo-nos felizes, muito felizes! (o Papa intercalou esta repetição no discurso escrito, que apenas tinha uma vez) por estar aqui hoje convosco e para vós”.
Por seu lado, em resposta ao discurso do Papa, o Fundador traçou uma breve história do nascimento do Centro e sua função ao serviço da juventude, que aprenderá que o trabalho santificado e santificante é uma parte essencial da vocação do cristão.
Antes de deixar o Centro ELIS, e entrar no carro, depois de ter passado ali mais de duas horas e meia, o Papa abraçou Mons. Escrivá, e exclamou publicamente: “Tutto qui, tutto qui è Opus Dei” (Aqui, é tudo Opus Dei).
(Andrés Vázquez de Prada, Josemaria Escrivá.Fundador del Opus Dei, III)

Última audiência com Paulo VI
No dia 25 de Junho de 1973 o Fundador teve uma audiência com Paulo VI, a última da sua vida. O Papa cumprimentou-o afectuosamente. Tinham passado cinco anos desde o anterior encontro.
- Porque não vem estar comigo mais vezes? Disse o Papa.
Sobreveio um silêncio repentino, que o Fundador dissipou, contando o desenvolvimento da Obra, durante aqueles anos, pelos cinco continentes. De quando em quando, Paulo VI interrompia-o e, olhando para ele com admiração, exclamava:
- O senhor é um santo.
- Não, não. Vossa Santidade não me conhece. Eu sou um pobre pecador.
- Não, não. O senhor é um santo, insistia o Papa.
- Na terra só há um santo: o Santo Padre. 
(Pilar Urbano, O homem de Villa Tevere)

De vez em quando, interrompia-o, deixando-se levar por um elogio ou simplesmente exclamando: “O senhor é um santo”.

“O Padre falou ao Papa de temas muito sobrenaturais e pô-lo ao par do desenvolvimento da Obra e dos frutos que o Senhor lhe concedia em todo o mundo. Paulo VI alegrou-se muito e, de vezes em quando, interrompia-o, deixando-se levar por um elogio ou simplesmente exclamando: “O senhor é um santo”. Sei disso, porque, ao terminar a audiência, vi que o Padre estava de rosto sério, quase triste. Perguntei-lhe o motivo, mas, a princípio, não quis responder-me. Depois, referiu-me essas palavras do Papa e disse-me que se tinha enchido de vergonha e de dor pelos seus próprios pecados, a ponto de ter protestado filialmente: “Não, não. Vossa Santidade não me conhece. Eu sou um pobre pecador”. Mas o Papa insistiu-lhe: “Não, o senhor é um santo”. Então o Fundador replicou, cheio de emoção; “Na terra só existe um santo: o Santo Padre”

(Álvaro del Portillo, Entrevista sobre o Fundador do Opus Dei, pp. 19-20)


“Numa audiência privada, que teve lugar a 25 de junho de 1973, o nosso Padre informou o Papa Paulo VI do bom andamento do Congresso Geral Especial. O Papa ouviu com alegria essas notícias, e animou o nosso Fundador que fosse ara a frente, com vista à solução jurídica do problema institucional da Obra”.
(Álvaro del Portillo, Carta, 28-XI-1982, em Rendere amabile la verità, pp. 73-74)

(Fonte: site de São Josemaria Escrivá em http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/paulo-vi-e-s-josemaria)

«Resplandeça sobre nós, Senhor, a luz da tua face!» (Sl 4,7)

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja 
Sermões para o Domingo e as festas dos santos


Do mesmo modo que essa moeda tem a imagem de César, também a nossa alma é feita à imagem da Santíssima Trindade, como diz o salmo: «Resplandeça sobre nós, Senhor, a luz da tua face!» (Sl 4,7). […] Senhor, a luz da tua face, isto é, a luz da tua graça, que estabelece em nós a tua imagem e nos torna semelhantes a Ti, está impressa em nós, ou seja, está impressa na nossa razão, que é a potência mais elevada da nossa alma, e recebe essa luz como a cera recebe a marca de um sinete. A face de Deus é a nossa razão; pois, da mesma maneira que conhecemos cada um pela sua face, assim conhecemos a Deus pelo espelho da razão. Mas essa razão foi deformada pelo pecado do homem, pois o pecado torna o homem oposto a Deus. A graça de Cristo reparou a nossa razão. É por isso que o apóstolo Paulo diz aos Efésios: «Renovai o vosso espírito» (cf 4,23). O tema da luz, mencionado neste salmo, é, pois, a graça que restaura a imagem de Deus, impressa na nossa natureza. […]

Toda a Trindade marcou o homem à sua semelhança: pela memória, ele parece-se com o Pai; pela inteligência, parece-se com o Filho; pelo amor parece-se com o Espírito Santo. […] Quando foi criado, o homem foi feito «à imagem e semelhança de Deus» (Gn 1,26): sua imagem no conhecimento da verdade; sua semelhança no amor à virtude. A luz da face de Deus é, pois, a graça que nos justifica e revela de novo a imagem criada. Essa luz constitui todo o bem do homem, o seu verdadeiro bem; ela marca-o, tal como a imagem do imperador marca a moeda de prata. Por isso o Senhor acrescenta: «Dai a César o que é de César.» Como se dissesse: da mesma forma que atribuís a César a sua imagem dai também a Deus a vossa alma, ornada e marcada pela luz da sua face.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)