Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

«DEPOIS, VEM E SEGUE-ME»

Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele e ajoelhou-se, perguntando: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» Jesus disse: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um só: Deus. Sabes os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe.»
Ele respondeu: «Mestre, tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude.» Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» Mas, ao ouvir tais palavras, ficou de semblante anuviado e retirou-se pesaroso, pois tinha muitos bens. Mc 10, 17-22

Também eu perguntei: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?»

E obtive a mesma resposta: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.»

Então respondi-Lhe: Mas, Senhor, Tu sabes que depois de todos aqueles problemas porque passei, fiquei praticamente sem nada! E sabes também que de algum modo ainda tento dar alguma coisa do pouco que tenho, que, reconheço, é apesar de tudo mais do que o que muitos têm!

Mas Ele respondeu-me com um olhar cheio de ternura: Eu sei que tu já não tens esses bens, que também já não tens essa tal posição social que esses bens te davam, que vives com o que tens e que ainda partilhas alguma coisa daquilo que tens, mas meu filho, continuas agarrado ao que tiveste, de tal modo que colocas em tudo isso, numa qualquer possibilidade da recuperação de tudo isso, a tua felicidade no futuro!

Baixei os olhos, reconheci a verdade do que era dito, e retorqui: Mas, Senhor, é errado sonhar com voltar a ter aquilo que já tive?

E Ele cheio de paciência respondeu-me: Não, meu filho, não é errado! Mas ganhas alguma coisa em sonhar assim? Afinal em que acreditas tu? Acreditas que são os bens do mundo que te levam à vida eterna, à felicidade, ou que esse caminho é seguires-me com a vida que Eu te dou e encho do meu amor, aceitando o teu dia-a-dia no trabalho que coloco nas tuas mãos?

O diálogo continuou: Mas sabes, Senhor, por vezes tenho medo do futuro, tenho medo de ficar sem o pouco que ainda tenho, tenho medo de não saber como fazer, de não saber como viver!

Colocou-me ternamente a mão sobre o ombro e disse: Alguma vez te faltei? Alguma vez te faltei naquilo que é realmente importante na tua vida? Alguma vez não me sentiste ao teu lado? Até mesmo naqueles momentos de secura, não acreditaste sempre que Eu estava ali contigo, embora não Me sentisses.

Envergonhado respondi: Não, Senhor, sempre acreditei que estavas comigo em todos os momentos, embora por vezes me sentisse só!

Obrigou-me a sentar e olhando-me nos olhos, disse: Lembras-te quando tudo aconteceu, como sentiste o teu mundo desmoronar-se? Lembras-te como Me procuraste em cada momento, em cada palavra, em cada sinal, em cada celebração? Lembras-te que Me procuravas, mais procurando o meu amor para alcançares a paz, a aceitação de tudo, do que para pedires o retrocesso do que tinha acontecido? Naquela altura querias sentir apenas o meu amor, a minha presença junto de ti. Porque é que agora não te chega o meu amor?

Olhei-O e disse num murmúrio: É que tenho medo, Senhor! Ou será orgulho e vaidade? Ou será tudo misturado? Parece-me que aquilo que tinha era meu por direito, que fazia parte tão importante da minha vida que me é impossível separar-me de tudo, nem que seja mesmo só sonhando!

Estreitou-me nos seus braços com carinho: Não vês, meu filho, que todos aqueles bens são perecíveis, são efémeros? Não percebes que te entregas agora muito mais a Mim do que naquele tempo? Podes por acaso comprar nem que seja um pouco da vida eterna com aqueles bens? O que te falta? Falta-te amor? Falta-te a família? Faltam-te amigos verdadeiros? Falta-te algo verdadeiramente imprescindível na tua vida? Não me tens a Mim sempre junto de ti e entregando-me a ti e por ti na Eucaristia?

Afastou-me um pouco d’Ele, olhou-me profundamente, e disse: Vai, repousa no meu amor, confia em Mim, recorda o teu passado como algo de muito bom que te dei, mas confia agora apenas no futuro que em ti coloco, em tudo o que te dou, e … «depois, vem e segue-me.»

Abri os braços e clamei: Louvado sejas, Senhor!

Monte Real, 15 de Maio de 2012

Joaquim Mexia Alves AQUI

Nota:
Escrito baseado na realidade da minha vida, reflectindo interiormente nas minhas fraquezas.
Por vezes os bens, mesmo já não os tendo, ainda nos agarram ao passado do mundo, acabando por ser tantas vezes quase “deuses” que mandam nas nossas vidas, não nos deixando caminhar abrindo-nos ao amor de Deus, à confiança em Deus, à esperança em Deus.
E esse “bens”, são desde coisas materiais perdidas, a pessoas queridas que já partiram, a situações vividas, que deixamos “amarrarem-nos” ao passado, impedindo-nos de uma entrega total a Deus, condicionando assim a nossa liberdade e a nossa felicidade.

«E serás feliz por eles não terem com que te retribuir»

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja 
Manuscrito autobiográfico C, 28rº-vº (trad. ed. Carmelo 1996)


Notei (e é muito natural) que as Irmãs mais santas são as mais amadas; procura-se conversar com elas, [e] prestam-se-lhes serviços sem que os peçam. [...] As almas imperfeitas, pelo contrário, não são nada procuradas; as pessoas mantêm-se, sem dúvida, em relação a elas, dentro dos limites da cortesia religiosa, mas, receando talvez dizer-lhes algumas palavras pouco amáveis, evitam a companhia delas. [...] Eis a conclusão que daí tiro: devo procurar, no recreio, nas licenças, a companhia das Irmãs que me são menos agradáveis, [e] exercer junto dessas almas feridas o ofício do Bom Samaritano [Lc 10,30-35].

Uma palavra, um sorriso amável, bastam, muitas vezes, para alegrar uma alma triste; mas não é exclusivamente para atingir esse objectivo que quero praticar a caridade, pois sei que bem depressa desanimaria: uma palavra que terei dito com a melhor intenção poderá ser interpretada completamente ao contrário. Assim, para não perder o meu tempo, quero ser amável para com todas (e em particular para com as Irmãs menos amáveis) para dar alegria a Jesus e corresponder ao conselho que Ele dá no Evangelho mais ou menos nestes termos: «Quando derdes um banquete, não convideis os vossos parentes nem os vossos amigos, não vão eles também convidar-vos, por sua vez, recebendo [vós] assim a vossa recompensa; mas convidai os pobres, os coxos, os paralíticos, e sereis felizes por eles não vos poderem retribuir, pois o vosso Pai, que vê no segredo, vos recompensará» [Mt 6,4]. Que banquete poderia uma carmelita oferecer às suas Irmãs, senão um banquete espiritual composto de caridade amável e alegre?

Quanto a mim, não conheço outro, e quero imitar São Paulo, que se alegrava com os que encontrava alegres; é verdade que chorava também com os aflitos [Rm 12,15], e algumas vezes as lágrimas devem aparecer no banquete que quero oferecer, mas procurarei sempre que essas lágrimas se transformem em alegria [Jo 16,20], já que o Senhor ama os que dão com alegria [2Cor 9,7].

O Evangelho do dia 3 de novembro de 2014

Dizia mais àquele que O tinha convidado: «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os vizinhos ricos; para que não aconteça que também eles te convidem e te paguem com isso. Mas, quando deres algum banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos; e serás bem-aventurado, porque esses não têm com que retribuir-te; mas ser-te-á isso retribuído na ressurreição dos justos».

Lc 14, 12-14