Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 30 de abril de 2017

São Josemaría Escrivá nesta data em 1968

“Neste mês de Maio, que amanhã começa, quereria que cada um de nós começasse a fazer mais um pequeno sacrifício, um tempo mais de estudo, um trabalho mais bem acabado, um sorriso...; um sacrifício que seja um esforço da nossa piedade e uma prova da nossa entrega. Com generosidade, meu filho, deixa-te levar por Ela. Não podemos deixar de querer cada dia mais e mais ao Amor dos amores! E, com Maria, poderemos consegui lo, porque a nossa Mãe viveu docemente uma entrega total”.

Bom Domingo do Senhor!

Que o nosso coração se abrase diariamente na oração como sucedeu aos dois discípulos quando caminhavam com o Senhor e de que nos fala o Evangelho de hoje (Lc 24, 13-35). Tenhamos no entanto a disponibilidade para O reconhecer de imediato.

Que a nossa gratidão ao Senhor seja uma constante no nosso coração!

«VIMOS O SENHOR!»

Tinham combinado encontrar-se os três amigos, pois já não se viam há algum tempo.

Quando Tomé chegou perto do local do encontro, reparou ainda à distância, que os seus dois amigos estavam envolvidos numa conversa acesa, sentados a uma mesa da esplanada do café, mas sobretudo reparou na alegria e no entusiasmo com que falavam e se olhavam.
Não se lembrava nada deles serem assim, (aliás o Pedro era até um pouco taciturno, embora o João fosse mais aberto e simpático), por isso perguntava-se o que teria acontecido na vida daqueles dois para todo aquele entusiasmo, para toda aquela demonstração de vida?
Aproximou-se deles, abraçaram-se como velhos amigos que eram e perguntou num repente:
O que é vos aconteceu, que me parecem diferentes, mais animados, mais vivos, se assim posso dizer?

Eles olharam para ele e disseram a sorrir: «Vimos o Senhor!»

Olhou para eles, espantado, e perguntou: Referem-se ao Senhor, Senhor? Àquele que nos foi ensinado na catequese e há muito tempo que não pensamos nEle?

Eles responderam com um sorriso provocador: Sim, Esse mesmo!

Estão a gozar comigo ou quê? Há que tempos que não ligamos a essas coisas! – respondeu ele.

Responderam-lhe com uma convicção que não lhes conhecia antes: Isso é verdade, mas há uns tempos atrás, por causa de uma doença de um amigo nosso que estava a ficar cego, lembramo-nos dEle, com outras pessoas começámos a rezar, e com tudo isso aproximamo-nos dEle e Ele de nós e tudo mudou nas nossas vidas.

Tomé insistiu: E o que é que isso tem a ver com essa frase «Vimos o Senhor!»?

Muito simples - responderam eles - é que esse amigo nosso dois dias depois de receber os últimos exames que tinha feito à vista, soube que ia ficar cego no espaço de pouco tempo. Rezámos então mais insistentemente, e um dia, depois de rezarmos por ele com mais outras pessoas pedindo a sua cura se fosse da vontade dEle, ele sentiu uma paz imensa e um calor estranho nos olhos. Quando fez novos exames já nada tinha de mal! Já lá vão vários meses e ele continua a ver cada vez melhor! Ora não nos digas que isto não é «ver o Senhor!»

Olhou para eles, incrédulo, e disse-lhes: Pois eu não acredito nisso e só se vir com os meus olhos acontecer uma cura dessas e puder atestar com exames que alguém ficou curado à minha frente, é que acredito que Ele está connosco.

Conversaram mais um pouco, mas entretanto Tomé teve que se ir embora, pois nesse dia recebia os exames médicos que a sua filha tinha feito, e que muito o preocupavam.
Quando se afastava, ainda ouviu Pedro e João dizerem-lhe para rezar pela sua filha e que acreditasse que Ele estava mesmo presente nas vidas de cada um.

Em casa as notícias não podiam ser pior, pois os exames davam como certo que o mal tinha alastrado e o corpo da sua querida filha estava já todo minado por aquela terrível doença.
A hipótese de sobrevivência era nula e o desfecho final deveria acontecer muito rapidamente.

Tomé sentiu-se desfalecer e sem saber o que fazer! Sentiu-se imensamente só!

Passado um momento lembrou-se da última frase dos seus amigos Pedro e João e decidiu voltar-se para Ele, rezando e pedindo a cura da sua filha.
Nesses dias mais próximos uma estranha calma tomou conta dele, mas, embora cada vez rezasse mais e mais intensamente a sua filha piorava cada vez mais.

Um dia ao fim da tarde, junto à cama da sua filha no hospital, veio de repente ao seu pensamento, ao seu coração, uma vontade incrível de ir a uma Missa.
Sabia que havia Missa na capela do hospital nesse fim de tarde e levantando-se foi para a capela.
Por um lado achava tudo aquilo ridículo, sem grande sentido, mas por outro lado sentia que ali devia estar e por isso mesmo concentrou-se na Missa e nas orações que ia fazendo no seu coração.
Quando chegou a altura da Comunhão, e não podendo comungar, ajoelhou-se e rezou intensamente, pedindo a Ele que se fizesse sentir na sua vida e, sobretudo, pedindo-Lhe a cura da sua filha.
Sentiu então uma enorme serenidade e admirado com o que estava a sentir no seu coração, ouviu-se dizer: Seja feita a Tua vontade, Senhor!

Ao chegar ao quarto percebeu que a sua filha estava diferente, e ela própria lhe disse que se sentia muito melhor, que um estranho calor tinha percorrido o seu corpo e ela se sentia agora muito bem.

Chamou o médico e pediu, insistiu, reclamou por novos exames que foram feitos de seguida.
Esperou um tempo interminável, de mão dada com a filha, que alguém lhes viesse dizer os resultados dos exames que tão ansiosamente esperavam.

Passadas largas horas, o médico entrou no quarto e olhou para os dois com um olhar estranho, um olhar de admiração, e disse-lhes: Os exames estão todos bem! A doença desapareceu e eu não sei explicar porquê!

Tomé olhou o médico, olhou a filha, e apenas pode dizer: «Meu Senhor e meu Deus!»

Marinha Grande, 5 de Abril de 2016

Joaquim Mexia Alves

A hipótese que não existe

Um dilema com 2 mil anos: Jesus de Nazaré é Deus ou um impostor?

Conta-se que um nosso contemporâneo tinha péssima voz e ainda pior ouvido. Inconsciente das suas incapacidades canoras e auditivas, arriscava as mais arrojadas escalas, com terríveis resultados. Numa ocasião, um desesperado ouvinte, com escassa predisposição para o martírio, não aguentou mais e gritou-lhe:

- Cale-se! Essa nota não existe!

Uma nota inexistente é, como é óbvio, uma contradição nos termos, mas serve como exemplo de uma hipótese inexistente, como é a tese de que, negando a divindade de Cristo, também o não quer condenar, afirmando que era um bom homem. Ora acontece que, em termos meramente racionais ou lógicos, essa é a única hipótese que não existe.

A historicidade de Jesus de Nazaré não pode ser honestamente posta em causa, mas só os cristãos estão dispostos a reconhecer-lhe a condição divina que a sua fé afirma. Ateus, agnósticos e crentes de outras religiões não o têm por Deus, mas talvez também não por um impostor. Com efeito, até os mais incrédulos são sensíveis à beleza e à sabedoria dos seus ensinamentos e à exemplaridade da sua vida e por isso seguramente estariam dispostos a afirmar que Cristo foi um bom homem, sem se aperceberem da contradição de uma tal conclusão.

Com efeito, a personagem, que a história sagrada e profana conhece como Jesus de Nazaré disse ser Deus e, como tal, não só realizou prodígios - os milagres de que falam os Evangelhos - como aceitou ser adorada pelos homens. Uma tal afirmação só admite duas possibilidades: ser verdadeira ou falsa. Em nenhum dos casos, contudo, é compatível com a tal hipótese de Jesus ser apenas um homem bom.

De facto, se é verdade que Cristo é Deus, Jesus não foi simplesmente um homem bom, mas o ser divino, o próprio Deus encarnado, como afirma a fé cristã. A alguém que o chamou bom Mestre, Ele próprio disse que só Deus é bom. Mas nunca nenhum homem bom se atribuiu a si mesmo a condição divina. S. Paulo, quando confundido com uma divindade pagã, não permitiu que lhe fosse prestado culto. E S. João, quando se quis prostrar diante do anjo que se lhe revelou, foi por este admoestado, porque só a Deus é devida adoração. A mesma que Jesus de Nazaré recebeu e aceitou dos seus discípulos, precisamente por ser Deus. Se o não fosse, uma tal veneração teria sido idolátrica e, como tal, digna da pena capital.

Mas se Cristo não é Deus, tendo dito que o era, só poderia ser um mentiroso. Não cabe a hipótese de que fosse um alienado e, como tal, inimputável, porque nesse caso ninguém do seu tempo, ou depois, o teria tomado a sério, nem para o seguir nem para o condenar. Mas, se fosse de facto uma pessoa falsa, não seria decididamente um homem virtuoso, mas um blasfemo. Foi aliás por esta razão que foi condenado à morte pelo sinédrio. Tinham razão os que exigiram a sua morte, como réu confesso de tamanha ofensa à verdade e à dignidade divina?!

Ante Cristo, só cabem três atitudes: a indiferença dos néscios, o ódio ou a adoração. Os primeiros, como as avestruzes, enterram a cabeça na areia, abdicando da sua condição racional. Os outros, por força da razão, ou reconhecem que Jesus de Nazaré é Deus ou só podem tê-lo por um impostor. A cómoda hipótese do Jesus bonzinho, que daria tanto jeito aos que não se querem comprometer, porque o não querem seguir, nem condenar, pura e simplesmente não existe, como a desafinada nota do mau cantor.

Ou se entende que Cristo é um falsário e um mentiroso e, consequentemente, é justa e razoável a exigência da sua condenação, ou se aceita a sua divindade e se cai a seus pés, confessando: meu Senhor e meu Deus!

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

«Fica connosco»

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador
«Amigos de Deus», §§ 313-314


Os dois discípulos iam para Emaús. O seu caminhar era normal, como o de tantas outras pessoas que transitavam por aquelas paragens. E é aí, com naturalidade, que Jesus lhes aparece e segue com eles, com uma conversa que faz diminuir a fadiga. […] Jesus no caminho! Senhor, que grande és sempre! Mas comoves-me quando Te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária. Senhor, concede-nos a simplicidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara que permitem entender-Te quando apareces sem nenhum sinal exterior da tua glória.

Termina o trajecto ao chegarem à aldeia, e aqueles dois que – sem o saberem – tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor do Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-Se «como quem vai para mais longe». Nosso Senhor nunca Se impõe. Quer que O chamemos livremente, quando entrevemos a pureza do Amor que nos meteu na alma. Temos de O deter à força e de Lhe pedir: «fica connosco, porque é tarde e já o dia está no ocaso», cai a noite.

Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por falta de sinceridade, talvez por pudor. No fundo pensamos: fica connosco, porque as trevas nos rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos consome! […]

E Jesus fica. Abrem-se os nossos olhos como os de Cléofas e do companheiro, quando Cristo parte o pão; e, mesmo que Ele volte a desaparecer da nossa vista, também seremos capazes de empreender de novo a marcha – anoitece – para falar dele aos outros; porque tanta alegria não cabe num só coração.

Caminho de Emaús. O nosso Deus encheu este nome de doçura. E Emaús é o mundo inteiro, porque Nosso Senhor abriu os caminhos divinos da terra.