Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Liturgia da palavra, o diálogo entre Deus e o Seu povo (audiência)

LocutorUma parte constitutiva da Missa é a Liturgia da Palavra. Esta é como uma mesa que o Senhor prepara para alimentar a nossa vida espiritual. Como poderíamos suportar as fadigas e provações da nossa peregrinação terrena, sem o alimento e a luz que se recebe da Palavra de Deus? Precisamos de a escutar regularmente; é questão de vida ou de morte, pois «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus». E nós reunimo-nos, na Liturgia, precisamente para ouvir o que Deus fez e pretende fazer por nós: Deus fala, e nós ouvimos com atenção para depois pormos em prática aquilo que Ele nos disse. É uma experiência que não se limita a ouvir dizer, mas acontece «diretamente», porque, quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus que fala ao seu povo. Na Liturgia da Palavra, as páginas da Bíblia deixam de ser um escrito para se tornarem palavra viva pronunciada pelo próprio Deus, que, aqui e agora, nos interpela a nós que escutamos com fé. O Espírito, que falou por meio dos profetas e que inspirou os autores sagrados, faz com que a palavra de Deus realize verdadeiramente nos corações aquilo que faz ressoar aos ouvidos. Por isso, não basta escutar com os ouvidos; é preciso acolher no coração a semente da palavra divina, para que ela dê fruto. A ação do Espírito que torna eficaz a resposta, precisa de corações que se deixem trabalhar e cultivar para que a palavra divina escutada na Missa passe para a vida diária.


Santo Padre:
Con affetto cordiale, saluto tutti i pellegrini di lingua portoghese, in particolare i brasiliani. Voglia il Signore colmare i vostri cuori con un grande amore per la sua Parola, affinché possiate mettere la volontà divina al centro della vostra vita, come la Vergine Maria. Lei che ha accolto e incarnato il Verbo di Dio, sia la vostra guida e conforto. Su di voi e sulle vostre famiglie scenda la Benedizione di Dio.


LocutorCom cordial afeto, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, em especial os brasileiros. Que o Senhor vos encha o coração de um grande amor pela sua Palavra, para poderdes colocar a vontade divina no centro da vossa vida, como a Virgem Maria. Ela, que acolheu e encarnou o Verbo de Deus, seja o vosso guia e conforto. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção de Deus.

O Evangelho do dia 31 de janeiro de 2018

Tendo Jesus partido dali, foi para a Sua terra; e seguiram-n'O os discípulos. Chegado o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os Seus numerosos ouvintes admiravam-se e diziam: «Donde vêm a Este todas estas coisas que diz? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada? E como se operam tais maravilhas pelas Suas mãos? Não é Este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós as Suas irmãs?». E estavam perplexos a Seu respeito. Mas Jesus dizia-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e na sua própria casa». E não pôde fazer ali milagre algum; apenas curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E admirava-Se da incredulidade deles. Depois, andava ensinando pelas aldeias circunvizinhas.

Mc 6, 1-6

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O Evangelho do dia 30 de janeiro de 2018

Tendo Jesus passado novamente na barca para a outra margem, acorreu a Ele muita gente, e Ele estava junto do mar. Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, que, vendo-O, lançou-se a Seus pés, e suplicava-Lhe com insistência: «Minha filha está nas últimas; vem, impõe sobre ela as mãos, para que seja salva e viva». Jesus foi com ele; e uma grande multidão O seguia e O apertava. Então, uma mulher que havia doze anos padecia um fluxo de sangue, e tinha sofrido muito de muitos médicos, e gastara tudo quanto possuía, sem ter sentido melhoras, antes cada vez se achava pior, tendo ouvido falar de Jesus, foi por detrás entre a multidão e tocou o Seu manto. Porque dizia: «Se eu tocar, ainda que seja só o Seu manto, ficarei curada». Imediatamente parou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo estar curada do mal. Jesus, conhecendo logo em Si mesmo a força que saíra d'Ele, voltado para a multidão, disse: «Quem tocou os Meus vestidos?». Os Seus discípulos responderam: «Tu vês que a multidão Te comprime, e perguntas: “Quem Me tocou?”». E Jesus olhava em volta para ver quem tinha feito aquilo. Então a mulher, que sabia o que se tinha passado nela, cheia de medo e a tremer, foi prostrar-se diante d'Ele, e disse-Lhe toda a verdade. Jesus disse-lhe: «Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fica curada do teu mal». Ainda Ele falava, quando chegaram da casa do chefe da sinagoga, dizendo: «Tua filha morreu; para que incomodar mais o Mestre?». Porém, Jesus, tendo ouvido o que eles diziam, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; crê somente». E não permitiu que ninguém O acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Ao chegarem a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço e os que estavam a chorar e a gritar. Tendo entrado, disse-lhes: «Porque vos perturbais e chorais? A menina não está morta, mas dorme». E troçavam d'Ele. Mas Ele, tendo feito sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que O acompanhavam, e entrou onde a menina estava deitada. Tomando a mão da menina, disse-lhe: «Talitha kum» , que quer dizer: «Menina, Eu te mando, levanta-te». A menina imediatamente levantou-se e andava, pois tinha já doze anos. Ficaram cheios de grande espanto. Jesus ordenou-lhes com insistência que ninguém o soubesse. Depois disse que dessem de comer à menina.

MC 5, 21-43

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

'Veritatis gaudium' sobre as universidades e as faculdades eclesiásticas

PROÉMIO

1. A alegria da verdade (Veritatis gaudium) é expressão do desejo ardente que traz inquieto o coração de cada ser humano enquanto não encontra, habita e partilha com todos a Luz de Deus.[1] Efetivamente a verdade não é uma ideia abstrata, mas é Jesus, o Verbo de Deus, em quem está a Vida que é a Luz dos homens (cf. Jo 1, 4), o Filho de Deus que é, conjuntamente, o Filho do homem. Só Ele, «na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime».[2]
No encontro com Ele, o Vivente (cf. Ap 1, 17) e o Primogénito de muitos irmãos (cf. Rm 8, 29), o coração do homem experimenta já desde agora, no claro-escuro da história, a luz e a festa sem mais ocaso da união com Deus e da unidade com os irmãos e irmãs na casa comum da criação, de que gozará sem fim na plena comunhão com Deus. Na oração de Jesus ao Pai – «que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que assim eles estejam em Nós» (Jo 17, 21) – está contido o segredo da alegria que Jesus nos quer comunicar em plenitude (cf. Jo 15, 11), da parte do Pai, com o dom do Espírito Santo: Espírito de verdade e amor, de liberdade, justiça e unidade.
Esta é a alegria que a Igreja, instada por Jesus, deve testemunhar e anunciar, sem interrupção e com uma paixão sempre nova, na sua missão. O Povo de Deus é peregrino ao longo das sendas da história, em sincera e solidária companhia com os homens e mulheres de todos os povos e de todas as culturas, para iluminar com a luz do Evangelho o caminho da humanidade rumo à nova civilização do amor. Estritamente conexo com a missão evangelizadora da Igreja – antes, decorrente da própria identidade dela inteiramente votada a promover o crescimento autêntico e integral da família humana até à sua plenitude definitiva em Deus – está o vasto e pluriforme sistema dos estudos eclesiásticos que floresceu, ao longo dos séculos, pela sabedoria do Povo de Deus, sob a guia do Espírito Santo e no diálogo e discernimento dos sinais dos tempos e das diferentes expressões culturais.
Por isso, não surpreende que o Concílio Vaticano II, promovendo com vigor e profecia a renovação da vida da Igreja em ordem a uma missão mais incisiva nesta nova época da história, tenha recomendado, nos números 13-22 do Decreto Optatam totius, uma revisão fiel e criativa dos estudos eclesiásticos. Esta tarefa, depois de cuidadoso estudo e sensata experimentação, encontrou expressão na Constituição Apostólica Sapientia christiana, promulgada por São João Paulo II em 15 de abril de 1979. Graças a ela, ficou mais dinamizado e aperfeiçoado o empenho da Igreja em prol das «Faculdades e Universidades eclesiásticas, ou seja, aquelas que se ocupam dum modo especial da Revelação cristã e de tudo aquilo que com esta anda relacionado e, por conseguinte, que mais intimamente estão em conexão com a sua própria missão de evangelizar», juntamente com todas as outras disciplinas que, «apesar de não terem uma particular ligação com a Revelação cristã, muito podem contribuir, contudo, para a obra da evangelização».[3]
Passados quase quarenta anos, fiéis ao espírito e às orientações do Vaticano II e como sua oportuna atualização, torna-se hoje necessário e urgente uma atualização da referida Constituição Apostólica. De facto, permanecendo plenamente válida na sua visão profética e no seu lúcido ditame, precisa de ser integrada com as disposições normativas entretanto emanadas, tendo em conta ao mesmo tempo o desenvolvimento no campo dos estudos académicos que se registou nas últimas décadas bem como as mudanças no contexto sociocultural a nível global, e ainda quanto foi recomendado a nível internacional na implementação das várias iniciativas a que aderiu a Santa Sé.
A ocasião é propícia para proceder, com ponderada e profética determinação, à promoção a todos os níveis dum relançamento dos estudos eclesiásticos no contexto da nova etapa da missão da Igreja, marcada pelo testemunho da alegria resultante do encontro com Jesus e do anúncio do seu Evangelho, que propus programaticamente a todo o Povo de Deus na Exortação Evangelii gaudium.

O Evangelho do dia 29 de janeiro de 2018

Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos. Ao sair Jesus da barca, foi logo ter com Ele, saindo dos sepulcros, um homem possesso de um espírito imundo. Tinha o seu domicílio nos sepulcros, e já ninguém conseguia segurá-lo com cadeias. Tendo sido preso muitas vezes com grilhões e com cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões e ninguém o podia dominar. E sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. Ao ver de longe Jesus, correu e prostrou-se diante d'Ele e clamou em alta voz: «Que tens Tu comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus eu Te conjuro que não me atormentes». Porque Jesus dizia-lhe: «Espírito imundo sai desse homem». Depois perguntou-lhe: «Como te chamas?». Ele respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos». E suplicava-Lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região. Andava ali, próximo do monte, uma grande vara de porcos a pastar. Os espíritos imundos suplicaram-Lhe: «Manda-nos para os porcos, para nos metermos neles». Jesus consentiu. Então os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos, e a vara, que era de cerca de dois mil, precipitou-se por um despenhadeiro no mar onde se afogaram. Os guardadores fugiram e contaram o facto pela cidade e pelos campos. E o povo foi ver o que tinha sucedido. Foram ter com Jesus e viram o que tinha estado possesso do demónio sentado, vestido e são do juízo; ele, que tinha estado possesso de uma legião inteira; e tiveram medo. Os que tinham visto contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoninhado e aos porcos. Então começaram a pedir a Jesus que se retirasse do seu território. Quando Jesus subia para a barca, o que fora possesso do demónio começou a pedir-Lhe que lhe permitisse acompanhá-l'O. Mas Jesus não o permitiu, antes lhe disse: «Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve piedade de ti». Ele retirou-se Ele retirou-se e começou a proclamar pela Decápole que grandes coisas Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.

Mc 5, 1-20

domingo, 28 de janeiro de 2018

Bom Domingo do Senhor!

Também nós sabemos que Jesus Cristo é o Santo de Deus e ao contrário do que fez ao espírito maligno conforme nos narra o Evangelho de hoje (Mc 1, 21-28) a nós não nos pede para nos calarmos, mas sim para O proclamarmos ao mundo com fé, amor e veemência.

Senhor Jesus Filho de Deus concede-nos o dom do apostolado seguindo o exemplo de Paulo, Agostinho, Tomás, Catarina, Teresa, Josemaría e todos os Santos e Santas!

«Ele expulsa os demónios»

Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo 

Homilias sobre o Êxodo, n.º 1, 5 (a partir da trad. da Irmã Isabelle de la Source, Lire la Bible, Médiaspaul 1990, t. 2, p. 14)

Reconhecei-o: «em ti se levantou um novo rei, um rei do Egipto» (Ex 1, 8). É ele quem te requisita para o trabalho, quem te obriga a fazer para ele os tijolos e a argamassa. É ele quem te impõe capatazes e encarregados, quem te força com a vergasta e o chicote ao trabalho da terra e te obriga a construir cidades. É ele quem te incita a percorrer o mundo e a mover montanhas para satisfazeres os teus apetites. [...]

Este rei do Egipto sabia que uma guerra assim era inevitável, pois pressentiu a vinda d' «Aquele que pode despojar Poderes e Autoridades e triunfar deles com audácia, cravando-os na cruz» (Cl 2, 14-15). [...] Sente próxima a hora da destruição do seu povo e por isso declara: «O povo de Israel é mais poderoso do que nós!» (Ex 1, 9). Pudesse ele dizer o mesmo de nós e achar-nos mais fortes do que ele! Como? Se não acolhermos maus pensamentos e apetites perversos, que ele nos inspira, se repelirmos «as suas setas incendiadas com o escudo da fé» (Ef 6, 16), se, de cada vez que ele fizer qualquer insinuação à nossa alma, lhe dissermos, lembrando-nos de Cristo, Nosso Senhor: «Fora, Satanás! Está escrito: é ao Senhor, teu Deus, que adorarás e só a Ele servirás» (Dt 6, 13/Mt 4, 10).

Com efeito, o Senhor Jesus veio para submeter a Si a «Poderes, Autoridades e Dominações» (Cl 1, 16), para poupar os filhos de Israel à violência dos seus inimigos [...], para nos ensinar de novo a ver o Espírito do Senhor [Is 61, 1-2/Lc 4, 18-22], a abandonar o trabalho do faraó, a sair da terra do Egipto e renunciar aos seus bárbaros costumes, a «despojar-nos completamente do homem velho e das suas obras e a revestir-nos do homem novo criado em conformidade com Deus» (Ef 4, 22-24/Cl 3, 9-10), a «renovar-nos sem cessar, dia após dia» (2Cor 4, 16) à imagem d' Aquele que nos criou, Cristo Jesus, Nosso Senhor, a quem seja dada a glória e o poder pelos séculos dos séculos, Ámen.

sábado, 27 de janeiro de 2018

O Evangelho de Domingo dia 28 de janeiro de 2018

Depois foram a Cafarnaum; e Jesus, tendo entrado no sábado na sinagoga, ensinava. Os ouvintes ficavam admirados com a Sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Na sinagoga estava um homem possesso dum espírito imundo, que começou a gritar: «Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei Quem és, o Santo de Deus». Mas Jesus o ameaçou dizendo: «Cala-te, e sai desse homem!». Então o espírito imundo, agitando-o violentamente e dando um grande grito, saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que se interrogavam uns aos outros: «Que é isto? Que nova doutrina é esta? Ele manda com autoridade até nos espíritos imundos, e eles obedecem-Lhe». E divulgou-se logo a Sua fama por toda a região da Galileia.

Mc 1, 21-28

O Evangelho do dia 27 de janeiro de 2018

Naquele mesmo dia, ao cair da tarde, disse-lhes: «Passemos à outra margem». Eles, deixando a multidão, levaram-n'O consigo, assim como estava, na barca. Outras embarcações O seguiram. Então levantou-se uma grande tempestade de vento, e as ondas lançavam-se sobre a barca, de tal modo que a barca se enchia de água. Jesus estava na popa a dormir sobre um travesseiro. Acordaram-n'O e disseram-Lhe: «Mestre, não Te importas que pereçamos?». Ele levantou-Se, ameaçou o vento e disse para o mar: «Cala-te, emudece». O vento amainou e seguiu-se uma grande bonança. Depois disse-lhes: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?». Ficaram cheios de grande temor, e diziam uns para os outros: «Quem será Este, que até o vento e o mar Lhe obedecem?». 

Mc 4, 35-41

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O Evangelho do dia 26 de janeiro de 2018

Depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, e mandou-os dois a dois à Sua frente por todas as cidades e lugares onde havia de ir. Disse-lhes: «Grande é na verdade a messe, mas os operários poucos. Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a Sua messe. Ide; eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem calçado, e não saudeis ninguém pelo caminho. Na casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz seja nesta casa. Se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; senão, tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem, porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que vos puserem diante; curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: Está próximo de vós o reino de Deus.

Lc 10, 1-9

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O Evangelho do dia 25 de janeiro de 2018

E disse-lhes: «Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for baptizado, será salvo; mas quem não crer, será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que crerem: Expulsarão os demónios em Meu nome, falarão novas línguas, pegarão em serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os doentes, e serão curados».

Mc 16, 15-18

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

«"A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32). Fake news e jornalismo de paz»

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 52º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

Queridos irmãos e irmãs!

No projeto de Deus, a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão. Imagem e semelhança do Criador, o ser humano é capaz de expressar e compartilhar o verdadeiro, o bom e o belo. É capaz de narrar a sua própria experiência e o mundo, construindo assim a memória e a compreensão dos acontecimentos. Mas, se orgulhosamente seguir o seu egoísmo, o homem pode usar de modo distorcido a própria faculdade de comunicar, como o atestam, já nos primórdios, os episódios bíblicos dos irmãos Caim e Abel e da Torre de Babel (cf. Gn 4, 1-16; 11, 1-9). Sintoma típico de tal distorção é a alteração da verdade, tanto no plano individual como no coletivo. Se, pelo contrário, se mantiver fiel ao projeto de Deus, a comunicação torna-se lugar para exprimir a própria responsabilidade na busca da verdade e na construção do bem. Hoje, no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital, assistimos ao fenómeno das «notícias falsas», as chamadas fake news: isto convida-nos a refletir, sugerindo-me dedicar esta Mensagem ao tema da verdade, como aliás já mais vezes o fizeram os meus predecessores a começar por Paulo VI (cf. Mensagem de 1972: «Os instrumentos de comunicação social ao serviço da Verdade»). Gostaria, assim, de contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade.

1. Que há de falso nas «notícias falsas»?
A expressão fake news é objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nos mass-media tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros económicos.

A eficácia das fake news fica-se a dever, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, ou seja, à capacidade de se apresentar como plausíveis. Falsas mas verosímeis, tais notícias são capciosas, no sentido que se mostram hábeis a capturar a atenção dos destinatários, apoiando-se sobre estereótipos e preconceitos generalizados no seio dum certo tecido social, explorando emoções imediatas e fáceis de suscitar como a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração. A sua difusão pode contar com um uso manipulador das redes sociais e das lógicas que subjazem ao seu funcionamento: assim os conteúdos, embora desprovidos de fundamento, ganham tal visibilidade que os próprios desmentidos categorizados dificilmente conseguem circunscrever os seus danos.
A dificuldade em desvendar e erradicar as fake news é devida também ao facto de as pessoas interagirem muitas vezes dentro de ambientes digitais homogéneos e impermeáveis a perspetivas e opiniões divergentes. Esta lógica da desinformação tem êxito, porque, em vez de haver um confronto sadio com outras fontes de informação (que poderia colocar positivamente em discussão os preconceitos e abrir para um diálogo construtivo), corre-se o risco de se tornar atores involuntários na difusão de opiniões tendenciosas e infundadas. O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.

2. Como podemos reconhecê-las?
Nenhum de nós se pode eximir da responsabilidade de contrastar estas falsidades. Não é tarefa fácil, porque a desinformação se baseia muitas vezes sobre discursos variegados, deliberadamente evasivos e subtilmente enganadores, valendo-se por vezes de mecanismos refinados. Por isso, são louváveis as iniciativas educativas que permitem apreender como ler e avaliar o contexto comunicativo, ensinando a não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento. Igualmente louváveis são as iniciativas institucionais e jurídicas empenhadas na definição de normativas que visam circunscrever o fenómeno, e ainda iniciativas, como as empreendidas pelas tech e media company, idóneas para definir novos critérios capazes de verificar as identidades pessoais que se escondem por detrás de milhões de perfis digitais.

Mas a prevenção e identificação dos mecanismos da desinformação requerem também um discernimento profundo e cuidadoso. Com efeito, é preciso desmascarar uma lógica, que se poderia definir como a «lógica da serpente», capaz de se camuflar e morder em qualquer lugar. Trata-se da estratégia utilizada pela serpente – «o mais astuto de todos os animais», como diz o livro do Génesis (cf. 3, 1-15) – a qual se tornou, nos primórdios da humanidade, artífice da primeira fake news, que levou às trágicas consequências do pecado, concretizadas depois no primeiro fratricídio (cf. Gn 4) e em inúmeras outras formas de mal contra Deus, o próximo, a sociedade e a criação. A estratégia deste habilidoso «pai da mentira» (Jo 8, 44) é precisamente a mimese, uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem com argumentações falsas e aliciantes. De facto, na narração do pecado original, o tentador aproxima-se da mulher, fingindo ser seu amigo e interessar-se pelo seu bem. Começa o diálogo com uma afirmação verdadeira, mas só em parte: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?» (Gn 3, 1). Na realidade, o que Deus dissera a Adão não foi que não comesse de nenhuma árvore, mas apenas de uma árvore: «Não comas o [fruto] da árvore do conhecimento do bem e do mal» (Gn 2, 17). Retorquindo, a mulher explica isso mesmo à serpente, mas deixa-se atrair pela sua provocação: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: “Nunca o deveis comer nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis”» (Gn3, 2-3). Esta resposta tem sabor a legalismo e pessimismo: dando crédito ao falsário e deixando-se atrair pela sua apresentação dos factos, a mulher extravia-se. Em primeiro lugar, dá ouvidos à sua réplica tranquilizadora: «Não, não morrereis»(3, 4). Depois a argumentação do tentador assume uma aparência credível: «Deus sabe que, no dia em que comerdes [desse fruto], abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal»(3, 5). Enfim, ela chega a desconfiar da recomendação paterna de Deus, que tinha em vista o seu bem, para seguir o aliciamento sedutor do inimigo: «Vendo a mulher que o fruto devia ser bom para comer, pois era de atraente aspeto (…) agarrou do fruto, comeu»(3, 6). Este episódio bíblico revela assim um facto essencial para o nosso tema: nenhuma desinformação é inofensiva; antes pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas. Mesmo uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos.

De facto, está em jogo a nossa avidez. As fake news tornam-se frequentemente virais, ou seja, propagam-se com grande rapidez e de forma dificilmente controlável, não tanto pela lógica de partilha que carateriza os meios de comunicação social como sobretudo pelo fascínio que detêm sobre a avidez insaciável que facilmente se acende no ser humano. As próprias motivações económicas e oportunistas da desinformação têm a sua raiz na sede de poder, ter e gozar, que, em última instância, nos torna vítimas de um embuste muito mais trágico do que cada uma das suas manifestações: o embuste do mal, que se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração. Por isso mesmo, educar para a verdade significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem «mordendo a isca» em cada tentação.

3. «A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32)
De facto, a contaminação contínua por uma linguagem enganadora acaba por ofuscar o íntimo da pessoa. Dostoevskij deixou escrito algo de notável neste sentido: «Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2).

E então como defender-nos? O antídoto mais radical ao vírus da falsidade é deixar-se purificar pela verdade. Na visão cristã, a verdade não é uma realidade apenas conceptual, que diz respeito ao juízo sobre as coisas, definindo-as verdadeiras ou falsas. A verdade não é apenas trazer à luz coisas obscuras, «desvendar a realidade», como faz pensar o termo que a designa em grego:aletheia, de a-lethès, «não escondido». A verdade tem a ver com a vida inteira. Na Bíblia, reúne os significados de apoio, solidez, confiança, como sugere a raiz ‘aman (daqui provém o próprio Amen litúrgico). A verdade é aquilo sobre o qual nos podemos apoiar para não cair. Neste sentido relacional, o único verdadeiramente fiável e digno de confiança sobre o qual se pode contar, ou seja, o único «verdadeiro» é o Deus vivo. Eis a afirmação de Jesus: «Eu sou a verdade» (Jo 14, 6). Sendo assim, o homem descobre sempre mais a verdade, quando a experimenta em si mesmo como fidelidade e fiabilidade de quem o ama. Só isto liberta o homem: «A verdade vos tornará livres»(Jo 8, 32).
Libertação da falsidade e busca do relacionamento: eis aqui os dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis. Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor. Por isso, a verdade não se alcança autenticamente quando é imposta como algo de extrínseco e impessoal; mas brota de relações livres entre as pessoas, na escuta recíproca. Além disso, não se acaba jamais de procurar a verdade, porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas verdadeiras. De facto, uma argumentação impecável pode basear-se em factos inegáveis, mas, se for usada para ferir o outro e desacreditá-lo à vista alheia, por mais justa que apareça, não é habitada pela verdade. A partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados: se suscitam polémica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade.

4. A paz é a verdadeira notícia
O melhor antídoto contra as falsidades não são as estratégias, mas as pessoas: pessoas que, livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se mostram responsáveis no uso da linguagem. Se a via de saída da difusão da desinformação é a responsabilidade, particularmente envolvido está quem, por profissão, é obrigado a ser responsável ao informar, ou seja, o jornalista, guardião das notícias. No mundo atual, ele não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira e própria missão. No meio do frenesim das notícias e na voragem dos scoop, tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audience, mas as pessoas. Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz.

Por isso desejo convidar a que se promova um jornalismo de paz, sem entender, com esta expressão, um jornalismo «bonzinho», que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos. Pelo contrário, penso num jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado a indicar soluções alternativas às escalation do clamor e da violência verbal.

Por isso, inspirando-nos numa conhecida oração franciscana, poderemos dirigir-nos, à Verdade em pessoa, nestes termos:

Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.

Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não
cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:
onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade, fazei que ponhamos interrogativos
verdadeiros;
onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.
Amen.

Vaticano, 24 de janeiro – Memória de São Francisco de Sales – do ano de 2018.
Franciscus

Audiência - Viagem Apostólica ao Chile e Peru

Locutor: Durante a viagem apostólica ao Chile e ao Peru, pude encontrar o Povo de Deus que caminha naquelas terras. Começando pelo Chile, sob o lema “Dou-vos a minha paz”, animei a sociedade chilena no caminho da democracia, escutando os pobres, jovens, idosos e imigrantes. E, na primeira celebração eucarística, a Palavra de Deus nos lembrou que são chamados bem-aventurados aqueles que promovem a paz, algo que exige um testemunho de proximidade e partilha, sobretudo com os marginalizados. Como testemunho de proximidade, fui encontrar as reclusas da prisão feminina de Santiago. Já na visita ao Peru, inspirada pelo lema “Unidos pela esperança”, afirmei que a unidade não significa uniformidade, mas o reconhecimento da riqueza das diferenças que herdamos da história e da cultura, como é o caso dos povos da Amazônia peruana que tive a alegria de encontrar, iniciando o caminho para o Sínodo Pan-amazônico do ano de 2019. Na Missa final em Lima, a palavra de Deus nos confirmou que a conversão e a fidelidade ao Evangelho são os caminhos para permanecer unidos pela esperança e viver na paz do Senhor.

Santo Padre:
Saluto i cari pellegrini di lingua portoghese, in particolare i gruppi di fedeli provenienti da Bragança Paulista e Maringá, augurandovi di essere forti nella fede in Gesù Cristo che ci invita ad aprire i nostri cuori ai fratelli e alle sorelle che sono nel bisogno. Così diventiamo veri operatori di pace. Dio vi benedica. Grazie per le vostre preghiere!

Locutor: Audiência - Viagem aSaúdo os queridos peregrinos de língua portuguesa, em particular os grupos de fiéis vindos de Bragança Paulista e Maringá, com votos de ser fortes na fé em Jesus Cristo, que nos convida a abrir os nossos corações aos irmãos e irmãs necessitados. Assim nos convertemos em verdadeiros promotores da paz. Deus vos abençoe. Obrigado pelas vossas orações.

O Evangelho do dia 24 de janeiro de 2018

Começou de novo a ensinar à beira-mar; e juntou-se à Sua volta tão grande multidão que teve de subir para uma barca e sentar-Se dentro dela, no mar, enquanto toda a multidão estava em terra na margem. E ensinava-lhes muitas coisas por meio de parábolas. Dizia-lhes segundo o Seu modo de ensinar: «Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear. E ao semear, uma parte da semente caiu ao longo do caminho, e vieram as aves do céu e comeram-na. Outra parte caiu entre pedregulhos, onde tinha pouca terra, e logo nasceu, por não ter profundidade a terra; mas, quando saiu o sol, foi queimada pelo calor e, como não tinha raíz, secou. Outra parte caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e sufocaram-na e não deu fruto. Outra caiu em terra boa; e deu fruto que vingou e cresceu, e um grão deu trinta, outro sessenta e outro cem». E acrescentava: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça». Quando Se encontrou só, os doze, que estavam com Ele, interrogaram-n'O sobre a parábola. Disse-lhes: «A vós é concedido conhecer o mistério do reino de Deus; porém, aos que são de fora, tudo se lhes propõe em parábolas, para que, olhando não vejam, e ouvindo não entendam; não aconteça que se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados». E acrescentou: «Não entendeis esta parábola? Então como entendereis todas as outras? O que o semeador semeia é a palavra. Uns encontram-se ao longo do caminho onde ela é semeada; mas logo que a ouvem vem Satanás tirar a palavra semeada neles. Outros recebem a semente em terreno pedregoso; ouvem a palavra, logo a recebem com alegria, mas não têm raízes em si mesmos, são inconstantes; depois, levantando-se a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbem imediatamente. Outros recebem a semente entre espinhos; ouvem a palavra, mas os cuidados mundanos, a sedução das riquezas e as outras paixões, entrando, afogam a palavra, e ela fica infrutuosa. Aqueles que recebem a semente em terra boa, são os que ouvem a palavra, recebem-na, e dão fruto, um a trinta, outro a sessenta, e outro a cem por um».

Mc 4, 1-20

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O Evangelho do dia 23 de janeiro de 2018

Nisto chegaram Sua mãe e Seus irmãos, os quais, ficando fora, O mandaram chamar. Estava muita gente sentada à volta d'Ele. Disseram-Lhe: «Eis que Tua mãe e Teus irmãos estão lá fora e procuram-Te». Ele respondeu-lhes: «Quem é Minha mãe e quem são Meus irmãos?». E, olhando para os que estavam sentados à volta d'Ele, disse: «Eis Minha mãe e Meus irmãos. Porque quem fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe».

Mc 3, 31-35

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O Evangelho do dia 22 de janeiro de 2018

Os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam: «Está possesso de Belzebu, e é pelo poder do príncipe dos demónios que expulsa os demónios». Jesus, tendo-os chamado, dizia-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino está dividido contra si mesmo, tal reino não pode subsistir. E se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode subsistir. Se, pois, Satanás se levanta contra si mesmo, o seu reino está dividido e não poderá subsistir, antes está para acabar. Ninguém pode entrar na casa dum homem forte, para roubar os seus bens, se primeiro não o amarrar. Então saqueará a sua casa. Na verdade vos digo que serão perdoados aos filhos dos homens todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem; porém, o que blasfemar contra o Espírito Santo, jamais terá perdão; mas será réu de pecado eterno». Jesus falou assim por terem dito: «Está possesso dum espírito imundo».

Mc 3, 22-30

domingo, 21 de janeiro de 2018

Santa Missa Base Aérea "Las Palmas" em Lima

«Levanta-te e vai a Nínive, à grande cidade, e apregoa nela o que Eu te ordenar» (Jon 3, 2): com estas palavras, o Senhor dirige-se a Jonas encaminhando-o para aquela grande cidade, que estava prestes a ser destruída pelos seus muitos malefícios. No Evangelho, vemos também Jesus a caminho da Galileia para pregar a sua Boa Nova (cf. Mc 1, 14). Ambas as leituras nos mostram Deus em movimento para as cidades de ontem e de hoje. O Senhor põe-Se a caminho: vai a Nínive, à Galileia, a Trujillo, a Puerto Maldonado, a Lima... O Senhor vem aqui. Põe-Se em movimento para entrar na nossa história pessoal, concreta. Como celebramos há pouco [no Natal], Ele é o Emanuel, o Deus que quer estar sempre connosco. Sim, aqui em Lima ou onde quer que estejas a viver, na vida quotidiana do trabalho rotineiro, na educação esperançosa dos filhos, no meio dos teus anelos e desvelos; na intimidade do lar e no ruído ensurdecedor das nossas estradas. É lá, no meio dos caminhos poeirentos da história, que o Senhor vem ao teu encontro.

Às vezes, pode suceder-nos como a Jonas. As nossas cidades, com as situações de sofrimento e injustiça que se repetem dia-a-dia, podem suscitar em nós a tentação de fugir, de nos escondermos, de desertar. E razões, não faltam nem a Jonas nem a nós. Contemplando a cidade, poderíamos começar a constatar que «há citadinos que conseguem os meios adequados para o desenvolvimento da vida pessoal e familiar, [e isso nos alegra; o problema é que] muitíssimos são também os “não-citadinos”, os “meio-citadinos” ou os “resíduos urbanos”»[1] que se encontram na beira dos nossos caminhos, que vão viver à margem das nossas cidades sem condições necessárias para levar uma vida digna, e custa ver que muitas vezes, entre estes «resíduos» humanos, se encontram rostos de tantas crianças e adolescentes; se encontra o rosto do futuro.

E, ao ver estas coisas nas nossas cidades, nos nossos bairros – que poderiam ser lugares de encontro e solidariedade, de alegria –, gera-se em nós o que poderíamos chamar a síndrome de Jonas: um espaço infido, donde fugir (cf. Jon 1, 3). Um espaço para a indiferença, que nos torna anónimos e surdos face aos demais, torna-nos seres impessoais de coração assético e, com esta atitude, amarfanhamos a alma do povo. Como nos fazia notar Bento XVI, «a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. (…) Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a com-paixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana».[2]

Quando prenderam João [Batista], Jesus foi para a Galileia proclamar o Evangelho de Deus. Ao contrário de Jonas, Jesus, perante um acontecimento doloroso e injusto como foi a prisão de João, entra na cidade, entra na Galileia e começa, partindo daquela insignificante população, a semear o que seria o início da maior esperança: o Reino de Deus está perto, Deus está no meio de nós. E o próprio Evangelho nos mostra a alegria e a reação em cadeia que isso produz: começou com Simão e André, depois Tiago e João (cf. Mc 1, 14-20) e depois, passando por Santa Rosa de Lima, São Toríbio, São Martinho de Porres, São João Macías, São Francisco Solano, chegou até nós anunciado por esta nuvem de testemunhas que acreditaram n’Ele. Chegou até nós, para se comprometer novamente, como um antídoto renovado, contra a globalização da indiferença. Com efeito, perante este Amor, não se pode ficar indiferente.
Jesus chamou os seus discípulos a viverem, no hoje da história, algo que tem sabor a eternidade: o amor a Deus e ao próximo. E fá-lo da única maneira que Lhe é possível: à maneira divina, suscitando a ternura e o amor misericordioso, suscitando a compaixão e abrindo os seus olhos para aprenderem a ver a realidade à maneira divina. Convida-os a gerar novos vínculos, novas alianças portadoras de eternidade.

Jesus atravessa a cidade com os seus discípulos e começa a ver, a escutar, a prestar atenção àqueles que sucumbiram sob o manto da indiferença, lapidados pelo grave pecado da corrupção. Começa a desvendar muitas situações que sufocavam a esperança do seu povo, suscitando uma nova esperança. Chama os seus discípulos e convida-os a ir com Ele, convida-os a atravessar a cidade, mas muda-lhes o ritmo, ensina-os a fixarem o que até agora passavam por alto, indica-lhes novas urgências. Convertei-vos: dizia-lhes Ele. O Reino dos Céus é encontrar, em Jesus, Deus que mistura a sua vida com a vida do seu povo, que Se envolve e envolve outros para que não tenham medo de fazer desta história uma história de salvação (cf. Mc 1, 15.21ss.).

Jesus continua a atravessar as nossas estradas, continua, hoje como ontem, a bater às portas, a bater aos corações para reacender a esperança e os anseios: que a degradação seja superada pela fraternidade, a injustiça vencida pela solidariedade e a violência apagada com as armas da paz. Jesus continua a chamar e quer ungir-nos com o seu Espírito para que também nós saiamos para ungir com esta unção capaz de curar a esperança ferida e renovar o nosso olhar.

Jesus continua a atravessar e desperta a esperança que nos liberta de relações vazias e análises impessoais e chama a envolver-nos como fermento onde quer que estejamos, onde nos toca viver, naquele cantinho de todos os dias. O Reino dos Céus está no meio de vós – diz-nos Ele –, está onde sabemos usar um pouco de ternura e compaixão, onde não temos medo de criar espaços para que os cegos vejam, os coxos andem, os leprosos fiquem limpos e os surdos ouçam (cf. Lc 7, 22) e, deste modo, todos aqueles que dávamos por perdidos gozem da Ressurreição. Deus não Se cansa nem Se cansará de andar para chegar junto dos seus filhos. Como acenderemos a esperança, se faltam profetas? Como enfrentaremos o futuro, se nos falta unidade? Como chegará Jesus a tantos lugares, se faltam ousadas e válidas testemunhas?

Hoje o Senhor chama-te a atravessar com Ele a cidade, a tua cidade. Chama-te a ser seu discípulo missionário, tornando-te assim participante desse grande sussurro que quer continuar a ressoar nos mais variados ângulos da nossa vida: Alegra-te, o Senhor está contigo!
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[1] Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 74.
[2] Carta enc. Spe salvi, 38.

Bom Domingo do Senhor!

O Senhor também nos quer fazer pescadores de homens como nos narra o Evangelho de hoje (Mc 1, 14-20) e deseja ter-nos junto a Ele, no dia a dia, na família, no trabalho e com o próximo, espera que sejamos apóstolos na palavra e nos atos.

Senhor ajuda-nos a seguir-Te com alegria e total entrega!

SÃO PÚBLIO (Santo de Malta)

Cura do Pai de S. Públio por S. Paulo
Nascimento:       c. 33 d.c. em Malta
Morte:               c. 125 d.c. em Atenas, Grécia
Festa litúrgica:    21 Janeiro
ão Públio (em maltês San Publju) é considerado como o primeiro bispo de Malta. Ele era tido como o "homem principal da ilha" e a sua conversão fez de Malta a primeira nação cristã no ocidente e uma das primeiras do mundo.

Foi martirizado por volta de 125 d.C., durante a perseguição aos cristãos do imperador romano Adriano.

O seu pai terá hospedado e sido curado por São Paulo quando do seu naufrágio em Malta.

«Estando já salvos, soubemos então que a ilha se chamava Malta.
Os indígenas trataram-nos com muita humanidade, porque, acendendo uma fogueira, acolheram-nos a todos por causa da chuva que caía e por causa do frio.
Tendo Paulo ajuntado e posto sobre a fogueira um feixe de gravetos, uma víbora, fugindo por causa do calor, mordeu-lhe a mão.
Quando os indígenas viram o réptil pendente da mão de Paulo, diziam uns para os outros: Certamente este homem é homicida, pois embora salvo do mar, a Justiça não o deixou viver.
Porém ele, sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal algum; mas eles esperavam que ele viesse a inchar ou a cair morto de repente. Porém tendo esperado muito tempo e vendo que nada de anormal lhe sucedia, mudando de parecer, diziam que ele era um deus.
Na vizinhança daquele lugar havia algumas terras pertencentes ao homem principal da ilha, chamado Públio, o qual nos recebeu e hospedou com muita bondade por três dias.
Estando doente de cama com febre e disenteria o pai de Públio, Paulo foi visitá-lo e, tendo feito oração, impôs-lhe as mãos e o curou.» [i]


[i] Act. XXVII, 1-13

António Mexia Alves

«Todos os que são chamados em Meu nome»

Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Contra as heresias, 4, 14

Não foi por ter necessidade dos nossos serviços que o Pai ordenou que seguíssemos o Verbo: foi para nos garantir a salvação. Pois seguir o Salvador é tomar parte na Sua salvação, tal como seguir a luz é tomar parte na luz. Quando os homens estão na luz, não são eles que fazem a luz resplandecer, mas são eles que são iluminados e são por ela tornados resplandecentes. Longe de acrescentar seja o que for à luz, beneficiam dela e ficam iluminados.

O mesmo acontece no serviço a Deus: nada acrescenta a Deus, pois Deus não precisa do serviço dos homens. Mas aos que O servem e O seguem, Deus assegura a vida, uma existência que não perece e a glória eterna. [...] Se Deus, que é bom e misericordioso, solicita o serviço dos homens, é para poder dar os Seus benefícios aos que perseveram no Seu serviço. Pois, se Deus não tem necessidade de nada, o homem tem necessidade da comunhão com Deus. A glória do homem é perseverar no serviço a Deus.

Foi por isso que o Senhor disse aos Seus apóstolos: «Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós» (Jo 15,16). [...] E disse ainda: «Quero que onde Eu estiver estejam também Comigo aqueles que Tu Me confiaste, para que contemplem a Minha glória» (Jo 17,24). [...] É deles que Isaías diz: «Trarei do Oriente os Teus filhos e congregarei do Ocidente os que Te pertencem. [...] Tragam-Me os Meus filhos lá de longe e as Minhas filhas dos confins da terra; são todos aqueles que têm o Meu nome, que Eu criei para a Minha glória» (Is 43,5.7).

sábado, 20 de janeiro de 2018

Celebração Mariana - Virgen de la Puerta

Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço a D. Héctor Miguel as suas palavras de boas-vindas, em nome de todo o Povo de Deus que peregrina nestas terras.

Nesta linda e histórica praça de Trujillo, que soube suscitar sonhos de liberdade em todos os peruanos, congregamo-nos hoje para encontrar-nos com a «Mamita de Otuzco [Mãezinha de Otuzco]». Tenho conhecimento dos muitos quilómetros que tantos de vós fizestes para estar aqui hoje, reunidos sob o olhar da Mãe. Assim, esta praça transforma-se num santuário a céu aberto no qual todos queremos deixar-nos olhar pela Mãe, pelo seu olhar materno e amável. Mãe que conhece o coração dos peruanos do norte e de tantos outros lugares; viu as suas lágrimas, os seus sorrisos, as suas aspirações. Nesta praça, queremos fazer tesouro da memória dum povo que sabe que Maria é Mãe e não abandona os seus filhos.

A casa veste-se de festa duma maneira especial. Acompanham-nos as imagens vindas dos diferentes cantos desta região. Juntamente com a querida Imaculada Virgem da Porta de Otuzco, saúdo e dou as boas-vindas à Santíssima Cruz de Chalpón de Chiclayo, ao Senhor Prisioneiro de Ayabaca, à Virgem das Mercês de Paita, ao Deus Menino do Milagre de Eten, à Virgem das Dores de Cajamarca, à Virgem da Assunção de Cutervo, à Imaculada Conceição de Chota, a Nossa Senhora de Alta Graça de Huamachuco, a São Toríbio de Mogrovejo de Tayabamba (Huamachuco), à Virgem Assunta de Chachapoyas, à Virgem da Assunção de Usquil, à Virgem do Socorro de Huanchoco, às Relíquias dos Mártires Conventuais de Chimbote.

Cada comunidade, cada cantinho desta terra, vem acompanhado pelo rosto dum Santo, pelo amor a Jesus Cristo e à sua Mãe. E pensar que, onde há uma comunidade, onde há vida e corações palpitando ansiosos por encontrar motivos de esperança, motivos para o canto, para a dança, para uma vida digna..., lá está o Senhor, lá encontramos sua Mãe e também o exemplo de muitos Santos que nos ajudam a permanecer alegres na esperança.

Convosco dou graças pela delicadeza do nosso Deus. Ele procura aproximar-Se de cada um segundo a modalidade em que O pode acolher e, assim, nascem as mais diferentes invocações. Expressam o desejo que tem o nosso Deus de estar perto de cada coração, porque a linguagem do amor de Deus sempre se pronuncia «em dialeto», não conhece outra forma de o fazer. Além disso é motivo de esperança ver como a Mãe assume os traços dos filhos, as vestes, o dialeto dos seus, para os tornar participantes da sua bênção. Maria será sempre uma Mãe mestiça, porque no seu coração encontram lugar todas as raças, porque o amor procura todos os meios para amar e ser amado. Todas estas imagens recordam-nos a ternura com que Deus quer estar perto de cada aldeia, de cada família, de ti, de mim, de todos.

Sei do amor que tendes à Imaculada Virgem da Porta de Otuzco, que hoje, juntamente convosco, desejo proclamar Virgem da Porta, «Mãe da Misericórdia e da Esperança».

Virgem querida, que, nos séculos passados, demonstrou o seu amor pelos filhos desta terra, quando, colocada por cima duma porta, os defendeu e protegeu das ameaças que os afligiam, suscitando o amor de todos os peruanos até aos nossos dias.

Ela continua a defender-nos e a indicar-nos a Porta que nos abre o caminho para a vida autêntica, a Vida que não definha. Ela é a única que sabe acompanhar, um a um, os seus filhos para voltarem a casa. Acompanha-nos e conduz-nos até à Porta que dá Vida, porque Jesus não quer que alguém fique fora, sob as intempéries. Assim acompanha «a saudade que muitos sentem de regressar à casa do Pai, que aguarda a sua chegada»[1] e muitas vezes não sabem como regressar. Como dizia São Bernardo: «Tu que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio de borrascas e tempestades: olha a Estrela e invoca Maria».[2] Ela indica-nos o caminho para casa, leva-nos a Jesus, que é a Porta da Misericórdia.

Em 2015-2016, tivemos a alegria de celebrar o Jubileu da Misericórdia. Um ano em que convidei todos os fiéis a passar pela Porta da Misericórdia, através da qual «qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança».[3] E quero repetir, juntamente convosco, o mesmo desejo que tinha então: «Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas levando-lhes a bondade e a ternura de Deus!»[4] Quanto desejo que esta terra, que alberga a Mãe da Misericórdia e da Esperança, possa difundir levando a toda a parte a bondade e a ternura de Deus. Com efeito, queridos irmãos, não há um remédio melhor para curar tantas feridas do que um coração capaz de misericórdia, um coração capaz de ter compaixão perante o sofrimento e a desgraça, perante o erro e a vontade de se levantar de muitos, que frequentemente não sabem como fazê-lo.

A compaixão é ativa, porque «aprendemos que Deus Se inclina sobre nós (cf. Os 11, 4), para que também nós possamos imitá-Lo inclinando-nos sobre os irmãos»;[5] inclinando-nos especialmente sobre aqueles que mais sofrem. À semelhança de Maria, estar atentos àqueles que não têm o vinho da alegria, como sucedeu nas Bodas de Caná.

Olhando para Maria, não queria concluir sem vos convidar a pensar em todas as mães e avós desta nação; são verdadeira força motriz da vida e das famílias do Perú. Que seria o Perú sem as mães e as avós? Que seria a nossa vida sem elas? O amor a Maria tem que nos ajudar a gerar atitudes de reconhecimento e gratidão para com a mulher, para com as nossas mães e avós que são um baluarte na vida das nossas cidades. Quase sempre silenciosas, fazem avançar a vida. É o silêncio e a força da esperança. Obrigado pelo vosso testemunho.

Reconhecer e agradecer… Mas, olhando para as mães e as avós, quero convidar-vos a lutar contra uma praga que fere o nosso continente americano: os numerosos casos de feminicídio. E muitas são as situações de violência que ficam silenciadas por trás de tantas paredes. Convido-vos a lutar contra esta fonte de sofrimento, pedindo que se promova uma legislação e uma cultura de repúdio a todas as formas de violência.

Irmãos, a Virgem da Porta, Mãe da Misericórdia e da Esperança, mostra-nos o caminho e indica-nos a melhor defesa contra o mal da indiferença e do endurecimento. Ela leva-nos ao seu Filho e, assim, nos convida a promover e irradiar uma «cultura de misericórdia, com base na redescoberta do encontro com os outros: uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença, nem vire a cara quando vê o sofrimento dos irmãos».[6]
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[1] Francisco, Carta ap. Misericordia et misera, no termo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (20/XI/2016), 16.
[2] Hom. II super «Missus est», 17: PL 183, 70.
[3] Francisco, Bula Misericordiae vultus (11/IV/2015), 3.
[4] Ibid., 5.
[5] Francisco, Carta ap. Misericordia et misera, no termo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (20/XI/2016), 16.
[6] Ibid., 20.